fbpx
domingo, 6 de outubro de 2024

Contato

Memes políticos disputam espaço entre humor e desinformação nas eleições

Por Dentro De Tudo:

Compartilhe

O uso de memes na política tem ganhado destaque nos últimos anos, e seu impacto vai muito além do entretenimento. Embora sejam ferramentas poderosas de humor e sátira, os memes também têm sido utilizados para promover ideologias, influenciar percepções e, em muitos casos, espalhar desinformação. Isso ficou evidente durante o debate presidencial de 2022, quando a frase da candidata Soraya Thronicke, referindo-se ao então candidato Padre Kelmon como “padre de festa junina”, rapidamente viralizou nas redes sociais.

Segundo Viktor Chagas, professor do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF), os memes têm um poder único de disseminação de ideias e podem moldar narrativas políticas. “Embora sirvam para entreter, eles também têm a capacidade de persuadir, atacar adversários e disseminar visões ideológicas”, afirma o professor. Ele destaca que o conceito de “meme” foi inicialmente cunhado pelo biólogo Richard Dawkins na década de 1970, mas ganhou novo significado com a popularização da internet.

O uso de memes na política

A pesquisadora Débora Salles, do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (NetLab) da UFRJ, observa que o uso de memes em campanhas políticas começou a ganhar força entre 2008 e 2012, com a ascensão da internet nas estratégias eleitorais. “O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi um dos primeiros a usar memes em sua campanha”, relembra Salles. No Brasil, esse fenômeno foi notável nas eleições de 2014, com memes sendo usados tanto para criticar quanto para apoiar candidatos.

Durante as eleições presidenciais de 2014, Dilma Rousseff e Marina Silva foram alvos de memes misóginos, evidenciando como essa linguagem pode ser usada para atacar adversários. “Os memes são uma ferramenta poderosa para construir uma imagem pública de políticos, seja de forma positiva ou negativa”, acrescenta Chagas.

O perigo da desinformação

Apesar de seu potencial de humor e crítica, os memes também se tornaram uma forma eficaz de desinformação, especialmente por grupos extremistas. “O humor cria uma zona cinzenta, onde é difícil distinguir o que é apenas uma piada e o que é uma mensagem deliberada de ódio ou desinformação”, explica Salles.

A desinformação por meio de memes se torna mais complexa porque muitas vezes usa informações verdadeiras fora de contexto ou distorcidas para manipular o público. Além disso, as plataformas digitais enfrentam dificuldades em moderar esse tipo de conteúdo, o que torna os memes um desafio para o combate à desinformação.

Como interpretar os memes

Os especialistas recomendam que os eleitores fiquem atentos à natureza dos memes e façam uma interpretação cuidadosa antes de compartilhar ou tomar partido de mensagens transmitidas por essas imagens e vídeos. “O humor pode ser uma estratégia para mascarar uma mensagem que não seria aceita de outra forma”, alerta Salles.

Nesse contexto, investir em educação midiática e promover a interpretação crítica das informações se torna essencial para evitar que os memes sejam usados como armas de desinformação, especialmente em períodos eleitorais.

Conclusão

Os memes ocupam um espaço ambíguo no cenário político atual, sendo ao mesmo tempo fontes de humor e ferramentas de manipulação. É fundamental que os eleitores desenvolvam habilidades para interpretar esses conteúdos e discernir entre piadas inofensivas e estratégias de desinformação, assegurando uma participação mais consciente e informada nas eleições.

Encontre uma reportagem

Aprimoramos sua experiência de navegação em nosso site por meio do uso de cookies e outras tecnologias, em conformidade com a Política de Privacidade.