Tirar fotos, colher pedidos de presentes e levar alegria para a criançada. Essa é a rotina que o Papai Noel Reginaldo Spíndola, 56, vive diariamente durante a época de Natal. Há dois anos assumindo o papel do amável e divertido bonachão no Shopping Contagem, ele encara a experiência como uma missão especial: compartilhar de forma lúdica princípios humanos sólidos através da figura do Bom Velhinho.
“Viver esse personagem vai além de vestir uma fantasia”, diz Spíndola. “O que eu tento fazer é incorporar os sentimentos que ele representa para transmitir as mensagens positivas do Natal, que são esperança, pureza e fraternidade. Acho que o Papai Noel ainda é um símbolo muito importante para manter viva a chama do amor e do sonho na mente das nossas crianças”, ensina.
Spíndola não é o único que acredita no poder transformativo da principal lenda natalina. Especialistas explicam que mesmo na era da informação digital, quando muitas crianças acabam descobrindo precocemente a verdade sobre o Papai Noel, alimentar a crença no faz de conta pode ajudar no amadurecimento emocional e social dos pequenos.
“A fantasia é um canal importantíssimo para se elaborar questões e compreender o mundo à nossa volta”, afirma a psicóloga e educadora parental Fernanda Teles. “Ela é o nosso primeiro contato com a ilusão culturalmente compartilhada que existe nessa época do ano, e uma forma extremamente rica de transmitir às crianças valores sociais”, avalia.
Fernanda ressalta que personagens do imaginário coletivo, como o Papai Noel, o Coelhinho da Páscoa e a Fada do Dente, estimulam o lado lúdico e levam a criançada a descobrir características pessoais significativas.
“Estamos inseridos num mundo materialista e muitas vezes desumano, então o Papai Noel, por exemplo, que é um símbolo de solidariedade, doação e entrega, acaba servindo como uma influência saudável – principalmente por ensinar um sentimento tão nobre como o altruísmo”, pontua.
Papai Noel: crer ou não crer?
Um dos dilemas recorrentes entre familiares é saber quando contar aos filhos que o bom velhinho não existe. Para a psicóloga, professora e especialista em comportamento humano Patrícia Alvarenga, não existe um momento certo para a revelação. Ela diz que o ideal é deixar a criança descobrir a verdade de forma natural e no seu próprio tempo.
“É importante que o questionamento venha da criança. Adiantar algo que ela não tenha curiosidade pode atrapalhar a experiência de desenvolvimento e gerar frustração”, observa.
Segundo Patrícia, é necessário respeitar a formação gradual de cada criança.
“Queimar etapas pode trazer danos psicológicos e acabar com o encanto. O momento de transição entre a inocência e a maturidade é o que nos ajuda a lidar com as desilusões futuras de forma saudável. Por isso é importante deixar as crianças serem crianças e viverem suas fantasias como algo positivo”, adverte.
“Sonhar é mais essencial para nossa sobrevivência e crescimento do que bater de frente com a realidade. Não há nada melhor do que viver cada fase da vida no seu tempo certo”, conclui.