Recentemente, ao participar uma reunião na Câmara Municipal de Pedro Leopoldo, me deparei com uma cena que me causou espanto. Confesso não entender sobre política, mas me aterrorizou descobrir que das 10 cadeiras da Casa Legislativa, NENHUMA é ocupada por uma mulher.
Com elevado dissabor, me dediquei a pesquisar sobre esse cenário nas cidades vizinhas. Essa pesquisa constata que apesar de nosso município ser o único exclusivamente masculino, os municípios vizinhos não apresentam números melhores, conforme representado abaixo:
| Cidade | Vereadores Totais | Vereadoras Mulheres | Percentual Masculino |
| Pedro Leopoldo | 10 | 0 | 100% |
| Confins | 9 | 1 | 88,88% |
| Matozinhos | 13 | 2 | 84,61% |
| Santa Luzia | 17 | 1 | 94,11% |
| Capim Branco | 9 | 1 | 88,88% |
| Vespasiano | 17 | 1 | 84,61% |
Esse cenário é indignante e ao mesmo tempo vergonhoso, mas cabe aqui uma reflexão. Afinal, as mulheres estão sendo silenciadas e tendo seu espaço negado ou simplesmente não se interessam pela participação na vida política ligada ao sistema legislativo local?
Para alguns, pode parecer hipócrita esse questionamento tendo em vista que a nossa cidade é chefiada por duas mulheres. Uma prefeita e uma vice-prefeita ocupando os cargos mais altos do poder executivo. Contudo, quem mora no município sabe que muitos a consideram uma “mera marionete” de seu marido e ex prefeito, contribuindo para que a sua importância e capacidade esteja, de certo modo, maculada, relegando a mulher no cenário político pedroleopoldense ao papel de “laranja” de um homem.
Contudo após pesquisa com alguns participantes ativos da política municipal foi constatado que não há genuíno interesse das mulheres em atuar dentro do cenário legislativo municipal. Chega-se a precisar criar uma corrida atrás de mulheres que possam compor chapas em época de eleições já que a legislação exige um mínimo de candidatas e não há procura ou desejo real das mulheres em ocupar a cadeira de vereador.
Dessa forma, fica um convite às mulheres da região a questionarem quem, nesse cenário aí presente, as representa, e, além disso, quem representa as demandas e visões tão específicas da mulher no poder Legislativo Municipal e, consecutivamente, até quando o governo será exercido quase que unanimemente por homens e a voz das mulheres ficará silenciada?
BRUNA LIMA
Bruna Lima é psicóloga, terapeuta sexual e mentora de mulheres. Graduada em Psicologia e pós graduanda em sexualidade humana, ministra cursos e treinamentos coletivos para empoderamento feminino e voltados para a sexualidade feminina. Acredita que as mulheres podem e devem exercer o seu poder para influenciar e construir uma sociedade mais justa e onde as mulheres possam expressar e experenciar sua própria sexualidade.
