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Autodidata digital: conteúdos na web ajudam a aprender mais e melhorar currículo

Por Dentro De Tudo:

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Quem conversa com Gabriel Lucas Nunes Azevedo, de 21 anos, percebe de imediato a paixão dele pelo conhecimento. Nascido nos anos 2000, desde muito novo ele demonstrou interesse em ir além do ensino tradicional da escola. Por isso, decidiu estudar também por conta própria, prática que se intensificou na medida da fartura de conteúdo oferecido em plataformas digitais. 

Atualmente, Gabriel cursa Engenharia da Computação em uma universidade de Belo Horizonte e segue não dispensando as aulas e tutoriais do YouTube e até vídeos curtos no TikTok. 

“Tenho interesses variados e muito antes de entrar na universidade fiz cursos sobre moda, cultura, sociologia, além de Word e Excel, tudo pela internet e de forma autodidata e gratuita”, conta Gabriel.

Para o estudante, gerenciar o próprio aprendizado é uma das maiores vantagens em ser autodidata. “Temos a possibilidade de estudar a qualquer momento e em qualquer lugar. Além disso, não nos tornamos reféns de uma grade obrigatória. Podemos fazer tudo de acordo com nosso perfil. A desvantagem é que nem sempre temos as orientações necessárias quando tentamos aprender algo mais avançado”, pondera. 

Segundo o relatório Yaderni Research, a Geração Z ou GenZ provavelmente será a mais auto-educada. O documento aponta que os Gen Z são nativos digitais e estão atentos ao fato de que a informação está disponível a eles, que têm a capacidade de aprender sobre diversos temas por meio de e-books, podcasts e no YouTube com vídeos de especialistas. 

Gerenciar o próprio aprendizado é uma das maiores vantagens em ser autodidata, diz o jovem Gabriel Azevedo

E esse acesso ao especialista nunca esteve tão fácil como atualmente. A partir desse conteúdo é possível traçar caminhos, inclusive, para novas carreiras. É uma moçada que tem na cabeça que testar, errar, aprender e corrigir fazem parte do negócio.

Conhecido artisticamente por Felix Maq, o jovem João Felix Costa e Silva é produtor musical. Visualizou oportunidades no mercado e decidiu empreender com as ferramentas que sempre teve à mão: o talento musical e a internet. Inspirado pelo irmão, também músico e um típico nativo da GenZ, diz que ser um autodidata é um comportamento natural dessa faixa geracional.

“Vejo minha geração mais focada em colocar em prática, não esperar a escola ou a faculdade distribuir o conteúdo, ou a inovação chegar nos livros didáticos. Temos o espírito de ir atrás da informação de forma proativa, em diferentes formatos, compartilhando as experiências no online e no offline”, conta Maq.

Para a diretora do Núcleo de Inovação Acadêmica (NINA) do grupo Educacional Soebras, Sarah Vilaça, um dos pilares do autodidatismo é justamente a capacidade que as pessoas têm de estar com a mente aberta às experiências de colocar as “mãos na massa” para o aprendizado acontecer na prática.

Doutora em Educação pela UFMG e mestre em Ciências das Organizações e Instituições pela Universidade de Montpellier, na França, Vilaça foi a responsável por implementar no grupo a plataforma Google Work Space for Education, o programa educacional de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. “A proposta é expandir os limites da sala de aula e as formas de relacionamento com o aluno, com o ambiente virtual”.

Ferramenta de inovação ajuda alunos de Promove e Kennedy

A mentalidade de quem aprende de maneira disruptiva e autodidata é marcante neste contexto geracional. Cátia Renata Alves Torres é um exemplo: tem 34 anos e hoje cursa Engenharia Mecatrônica. Moradora de Vazante, no noroeste de Minas Gerais, conta que vem de uma família de origem muito humilde, mas como sempre gostou de tecnologia, para ter acesso às ferramentas de inovação foi necessário buscar as mais acessíveis e de baixo custo. Antes mesmo de entrar na faculdade, ela teve o primeiro contato com a tinkercad, uma ferramenta online de design de modelos 3D. 

“Com o andamento do curso, me vi ainda mais influenciada a testar os trabalhos escolares no tinkercad, que tem modelagem tridimensional e testa circuitos digitais”, explica.

Cátia é participante ativa do NINA (Núcleo de Inovação Acadêmica) das faculdades Promove e Kennedy, em BH, e outras instituições parceiras, e revela que se sente acolhida pelo projeto. “Sou curiosa e acredito que cada pessoa é única, tem um tempo de aprendizado, uma forma de se colocar no mundo e de desenvolver suas ideias. Meu sonho é criar próteses 3D com materiais recicláveis, e com o apoio do Nina, isso vai se concretizar em breve”, diz com entusiasmo.

Diretora do NINA, Sarah Vilaça pontua que somos impactados por vários conteúdos no dia a dia. Boa parte deles foi adquirida de maneira autodidata. A questão para a especialista, é que, dessa maneira ou não, a inovação suscita a necessidade do compartilhamento destes conteúdos, bem como a necessidade de incorporação ao novo, às novas perspectivas.
“Além disso, as instituições precisam engajar as pessoas para que o aprendizado aconteça de forma prática, criativa e dinâmica”, garante Sarah.

 

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