Em meio ao avanço nos índices da pandemia na cidade, o Comitê de Enfrentamento à Covid de BH se reúne diariamente para debater a situação da capital. De acordo com o membro do grupo, o infectologista Carlos Starling, a preocupação do município é voltar às aulas com todas as crianças vacinadas.
A ausência de um cronograma para entrega das doses pediátricas da Pfizer foi pauta da reunião do comitê com o prefeito Alexandre Kalil (PSD) na última quarta-feira (19). A falta de doses freia o avanço da imunização do público. Em Belo Horizonte, a vacinação de crianças sem comorbidade está restrita, por enquanto, a moradores com 11 anos nascidos entre janeiro e junho de 2010.
Para Starling, a morosidade da imunização é causada pela atuação do Ministério da Saúde no gerenciamento do tema.
“A vacinação só não anda mais rápido porque lá em dezembro resolveram fazer consultas públicas. Só não está andando porque o ministério protelou a compra dessas vacinas”, comenta.
A aprovação da aplicação da Coronavac em jovens de 6 a 17 anos, no entanto, é vista com bons olhos pelo infectologista. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a decisão nesta quinta-feira (20).
“Será uma ajuda fenomenal, é uma notícia muito boa que nós tivemos porque podemos estar, até o fim de fevereiro, com todas nossas crianças vacinadas. Isso é excepcional porque estamos percebendo que a variante Ômicron atinge muito mais esse público”, disse Starling.
A aplicação da vacina fabricada no Instituto Butantan, no entanto, ainda não está no calendário de vacinação do município.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a capital segue as determinações do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde. Com a aprovação da vacinação de crianças com Coronavac, será necessário o repasse de doses ao município para convocação de novos públicos. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais também afirma que precisa do aval do governo federal.
Nesta quinta, após a aprovação da Coronavac por unanimidade pelos técnicos da Anvisa, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o imunizante é considerado para o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19 (PNO) e que a pasta aguarda a publicação da decisão da agência no Diário Oficial da União (DOU).
A Anvisa autorizou o uso emergencial da vacina Coronavac em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. Todas as vacinas autorizadas pela Anvisa são consideradas para a PNO. Aguardamos o inteiro da decisão e sua publicação no DOU.
— Marcelo Queiroga (@mqueiroga2) January 20, 2022
Passaporte Vacinal
Nesta segunda-feira (17), o Conselho Municipal de Saúde reivindicou, dentre uma série de medidas, que a prefeitura adotasse o passaporte vacinal para a entrada em locais públicos como bares, restaurantes e teatros.
Carlos Starling disse que a reivindicação está sendo debatida no Comitê de Enfrentamento à Covid.
“Existe a discussão sobre o passaporte vacinal e sobre ter a restrição com testes, inclusive. Mas, veja bem, nós estamos com um problema de fornecimento de testes e, no momento em que não há testes, isso fica absurdo. A questão do passaporte vacinal para eventos é algo factível”, comenta.
Medidas restritivas
A secretaria de Saúde de BH informou à reportagem que as reuniões do comitê seguirão até a próxima quarta-feira (26), quando um balanço da situação da pandemia na capital será apresentado. Ainda assim, Carlos Starling afirma que as ações da prefeitura podem ser feitas antes desse prazo.
“Essas decisões podem surgir a qualquer momento, porque estamos constantemente em discussão. Tudo depende da própria factibilidade de proposta e da situação da pandemia”, disse.
Sobre restrições e fechamentos em BH, o infectologista afirma que não há nenhuma medida no radar do comitê. “A princípio não tem nada planejado em termo de restrições. Estamos com a doença tão disseminada que as restrições teriam um efeito muito pouco significativo”.
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