O ônibus que tombou na manhã desta quinta-feira (20), na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, foi vistoriado pela última vez em outubro de 2019, de acordo com o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG). O órgão informou que, de acordo com o Regulamento do Sistema de Transporte Coletivo Intermunicipal e Metropolitano de Passageiros (RSTC), não existe um intervalo predeterminado para a realização de vistorias nos veículos.
Mas o consultor em transporte e trânsito, Silvestre de Andrade, afirma que veículos prestadores de serviço público precisam ter vistorias anuais. O engenheiro afirma que acidentes desse tipo não ocorrem por acaso e costumam ser decorrentes da falta de reparos ou da utilização indevida do veículo.
“A quebra do eixo é incomum. É como quando dizem que alguém (veículo) perde o freio. Ninguém perde o freio, ele continua lá e, simplesmente, perde a função por falta de manutenção ou uso inadequado”, explica.
De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram), a manutenção e a documentação dos ônibus estavam em dia. Para Silvestre de Andarede, o tipo de acidente ocorrido é típico de problemas nos cuidados com o veículo.
“A quebra do eixo é algo muito raro, uma coisa muito grave, tem toda a cara de que não houve manutenção. Muito provavelmente, se tivesse passado por uma análise, não estaria rodando. A manutenção, se feita regularmente, pega esses problemas”, comenta.
O ônibus da linha 524 R, que liga Ribeirão das Neves a Belo Horizonte, carregava 93 passageiros, segundo os bombeiros militares que atuaram no atendimento das vítimas, quando o eixo se rompeu e o veículo tombou. A capacidade máxima determinada pelo DER-MG é de 77 passageiros (26 sentadas e 51 de pé). A superlotação também contribui para o acidente, de acordo com o especialista.
“Se você projetou seu veículo para um peso e você coloca mais, você está desgastando as peças mais rapidamente. O acidente foi a gota d’água, porque não foi só hoje que o veículo estava com 90, mas isso é um problema recorrente”, avalia.
O Sintram afirma que o motorista não pode impedir a entrada dos passageiros, que podem querer entrar no ônibus mesmo quando não há espaço suficiente. De acordo com o especialista em transporte e trânsito, a superlotação evidencia um descompasso entre o número de passageiros e o de veículos disponíveis.
“Se só cabem 10 pessoas no ônibus e tem 20 pessoas no ponto, o grande problema é ter essas 20. Mostra que a demanda não está sendo suprida”, afirma.
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