Depois de anunciado o adiamento do retorno às aulas para crianças de 5 a 11 anos em Belo Horizonte, a Sociedade Mineira de Pediatria emitiu um ofício em que diz que “a suspensão de aulas presenciais por si só não terá impacto significativo na atual situação de saúde de BH”.
O documento, assinado pelo presidente da entidade, Cássio da Cunha Ibiapina, é uma carta direcionada ao prefeito Alexandre Kalil e ao secretário de Saúde Municipal, Jackson Machado Pinto.
No texto, a entidade ressalta que a pandemia não acabou e admite que medidas restritivas e educativas precisam ser mantidas e reforçadas na cidade. No entanto, discorda que as mudanças estejam restritas ao ambiente escolar e à população pediátrica. “[Devem ser] direcionadas a todos os ambientes em que possa haver aglomeração de pessoas, incluindo setores de lazer, festas e eventos esportivos”, afirma.
A entidade se diz preocupada com o comportamento de relaxamento das medidas de proteção observado em toda a população e não apenas nas crianças e adolescentes e pede que as escolas sejam as últimas a serem fechadas.
“A escola, segundo recomendação da Unicef, deve ser o último ambiente a ser fechado e o primeiro a ser aberto, por já haver comprovação de ser um ambiente seguro e um dos poucos que segue estritamente os protocolos sanitários de prevenção da transmissão do coronavírus”, argumentou, além de reforçar que a vacinação é um caminho importante.
“A vacinação pediátrica no grupo etário de 5 a 11 anos é a principal e mais duradoura medida para conseguirmos a redução da transmissão do coronavírus e consequentemente do adoecimento de nossas crianças”, afirma.
Por isso, a entidade entende que o adiamento do retorno às atividades escolares presenciais em 11 dias, se não acompanhado de outras medidas de redução da transmissão e de intensificação da vacinação, não irá representar impacto significativo na atual situação de saúde do município.
Confira a conclusão da carta:
“É compreensível e louvável a preocupação com as crianças, considerando o risco de transmissibilidade mais evidente na Cepa Ômicron, aliado ao pico antecipado das doenças respiratórias causadas por outros vírus, mas o embasamento científico é essencial em qualquer ação. Necessitamos de serenidade nas ações e clareza nos dados apresentados à população com uma correta explanação de causa e efeito e das medidas restritivas tomadas. A presença das crianças nas escolas em nenhum momento representou aumento dos contágios e impingir somente às crianças a possibilidade de risco de piora dos números e transmissibilidade na pandemia não encontra embasamento científico. Os impactos na saúde mental e na saúde geral da criança e da sua família no contexto da pandemia já são desastrosos e com ampla evidência cientifica.”
Mais vacina infantil
Em resposta, a Secretaria Municipal de Saúde reforçou a fala do prefeito Alexandre Kalil, que diz que esta decisão foi tomada “para que se tenha tempo hábil para receber as remessas de vacina contra a COVID-19 e para a imunização das crianças dessa faixa etária”.
As atividades escolares para alunos acima de 12 anos e menores de 4 anos estão autorizadas em Belo Horizonte. “É importante esclarecer para as crianças, uma dose da vacina já garante importante proteção”, informou em nota.
Até o momento, já foram convocadas para receber a vacina contra a COVID crianças com comorbidades de 5 a 11 anos, e sem comorbidades de 11 a 9 anos.
De acordo com o último dados do município, foram vacinadas 12.400 crianças, considerando as de 11 a 5 anos com comorbidades, deficiência permanente, indígenas ou quilombolas e acamadas ou com mobilidade reduzida, além de crianças de 11 anos sem comorbidades nascidas de janeiro a junho de 2010. Integram esse grupo cerca de 26.500 mil crianças.
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