fbpx

Jovem negro procura a polícia após ter foto divulgada no facebook como ladrão

Por Dentro De Tudo:

Compartilhe

“Fui pego de surpresa, quando meus amigos me ligaram e me disseram que minha foto estava rodando nas redes sociais em um post de uma loja que me chamava de ladrão.” O estudante de marketing Antônio Augusto Rosa, de 20 anos, se lembra bem do dia 5 de janeiro. Data que de acordo com o jovem, ele foi acusado injustamente de furto por ser negro e ter passado correndo na porta de uma loja, em Contagem, na região Metropolitana de Belo Horizonte, minutos após um assalto.  

Assim que soube da postagem, o estudante, que nunca foi preso, procurou a polícia e registrou um boletim de ocorrência por calúnia, quando alguém é acusado de cometer algo que não fez, e injúria, quando se ofende a dignidade do outro. Antônio também contratou um advogado para responsabilizar o autor da postagem judicialmente. 

“O pior é que eu nunca entrei naquela loja e fui acusado de ter roubado os celulares dos funcionários. Eles tiraram o print da minha imagem das câmeras de segurança, de quando eu passei na porta do local. As pessoas que trabalham no comércio disseram para a polícia que eu era muito parecido com o assaltante, porque nós dois estávamos de blusa preta e calça jeans, por isso, eles divulgaram a minha imagem nas redes sociais. Com certeza, passei por isso porque sou negro e apareço correndo na porta da loja. Estava chovendo no momento, por isso, corri, para não chegar todo molhado no ponto de ônibus. Fiz um boletim de ocorrência e contratei um advogado porque ninguém pode aceitar ser vítima de acusações indevidas por causa da cor da pele”, pontuou o estudante.  

Medo de ameaças 

 Antônio ainda revelou que após a foto dele ter sido divulgada nas redes sociais como ladrão, ele não sai de casa sozinho por medo de sofrer ameaças.  

“ Eu acredito que o dono do estabelecimento possa ter divulgado a minha foto para todos os lojistas da região. Como passo sempre pela localidade tenho medo de ser hostilizado por algum comerciante que reconhecer a minha foto”, explicou o estudante.  

Racismo estrutural 

De acordo com o advogado do estudante, Gilberto Silva, o crime será devidamente apurado e todas medidas judiciais cabíveis já foram tomadas. No entanto, o advogado explica que esta história se encaixa na teoria do racismo estrutural, ainda presente em nosso país.  

“O racismo estrutural é uma realidade. Na esfera ideológica e sociológica, Antônio foi vítima de um cruel contexto histórico, que sempre aponta pessoas pretas como criminosas. Se tiver uma pessoa preta nas imediações que algum crime tenha ocorrido, ela será acusada. Já na esfera criminal, estamos colocando em discussão a calúnia e injúria,” explicou Gilberto Silva.  

O que diz o estabelecimento comercial 

Nas redes sociais, nesta sexta-feira (4), a loja postou uma nota que diz repudiar toda e qualquer forma de discriminação.  

“Após sermos vítimas de furto, acionamos uma viatura da Polícia Militar para o registro do crime e demais providências. Ressaltamos repudiar toda e qualquer forma de discriminação, mantendo nosso compromisso com a sociedade e autoridades públicas para os esclarecimentos que se façam necessários,” ressaltou um trecho da nota.  

Polícia Civil 

A Polícia Civil informou que adotou todas as providências legais cabíveis e o suspeito foi identificado.  

“A ocorrência de calúnia foi registrada pela vítima, de 20 anos, no dia 5 de janeiro deste ano, em Contagem, quando ele foi informado acerca da necessidade de representação para instauração do procedimento criminal”, pontuou a nota.

Encontre uma reportagem