Os brasileiros que tentaram imigrar ilegalmente estavam presos no Texas. Eles ficaram algemados durante todo o trajeto.
Eles desembarcaram com a roupa do corpo, todos com camisas de malha pretas e moletons amarelos e cinzas, que receberam do governo norte-americano. Carregavam sacolas plásticas com água e comida que ganharam no aeroporto – antes disso, estavam sem comida –, além de mantas e os documentos.
O restante da bagagem foi confiscado pelo governo norte-americano.
E o que eles contam são cenas de um pesadelo, com maus-tratos, falta de banho, comida e, principalmente, falta de assistência às crianças e adolescentes pelos agentes norte-americanos.
“Crianças vomitavam, estavam recebendo só maçã, suco e burritos, que era uma massa que elas passavam mal. Os banheiros tinham um metro de altura, todo mundo usava junto”, conta um homem, de Betim, que pagaria R$ 90 mil para um coiote se conseguisse permanecer nos Estados Unidos.
Dez quilos a menos
Desempregado, um homem de 27 anos, natural de Goiás, fez a travessia ilegal com a mulher, de 25, e o filho, de 2 anos.
Eles ficaram presos no containêr de 100 metros quadrados com 300 pessoas. Ele perdeu 10 quilos no confinamento.
“Ficamos dez dias sem tomar banho e escovar os dentes. Minha mulher só chorava com meu filho de 2 anos”, diz.
Travessia pelo esgoto
Um homem de 55 anos, de Governador Valadares, acompanhado da esposa e do filho, relata condições precárias durante a prisão.
“A gente que ganha um salário mínimo pra sobreviver vai tentar algo melhor”.
Ele saiu em 14 de janeiro do Brasil. Para atravessar a fronteira entre México e os Estados Unidos, passou num trecho de esgoto.
“O coiote deixou a gente na beira do rio. Quando atravessamos, fomos pegos”, conta.
Maioria de Minas Gerais
Desde 2019, são mais de 3 mil brasileiros que viviam ilegalmente nos Estados Unidos e que foram trazidos de volta em 54 voos.
A maior parte dos deportados é de mineiros. Em 26 de janeiro, um voo com 211 deportados chegou ao Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, sendo 90 crianças e adolescentes. Os relatos de maus-tratos são os mesmos.
Muitos passageiros disseram que passaram fome e frio no período em que estiveram presos. Até medicamentos foram negados às crianças.
A Polícia Federal investiga se houve violação aos direitos dessas crianças e adolescentes.
Fonte: Globo Minas.