Matozinhos – O aumento no número de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) matriculadas em escolas regulares tem levantado debates sobre como garantir a inclusão e o suporte adequado a esses alunos. Especialistas destacam que a convivência com colegas em ambiente escolar traz benefícios significativos para o desenvolvimento social, cognitivo e motor dessas crianças.
Segundo Joana Portolese, psicóloga e coordenadora do Programa de Transtornos do Espectro Autista (PROTEA), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), a escola desempenha um papel essencial na vida de crianças com TEA. “Não só desenvolvem habilidades motoras, mas também aprendem a se comunicar melhor, a compreender as intenções dos outros e a desenvolver mais autonomia”, explica a especialista.
Desafios e avanços na inclusão escolar
Apesar dos benefícios, a inclusão escolar ainda enfrenta desafios. A falta de suporte especializado, a necessidade de capacitação dos professores e a adaptação do ambiente escolar são algumas das dificuldades apontadas por profissionais da educação e famílias de alunos autistas.
“É essencial que os educadores conheçam as características do autismo e saibam lidar com as necessidades específicas desses alunos”, destaca Joana. Ela cita exemplos de adaptações pedagógicas, como o uso de temas de interesse da criança no ensino de conteúdos, para facilitar a aprendizagem e o engajamento.
Outro ponto fundamental para o sucesso da inclusão é o suporte de profissionais como mediadores escolares e terapeutas especializados. “Com um acompanhamento adequado, essas crianças podem desenvolver habilidades que as ajudarão a ter mais independência e qualidade de vida”, acrescenta a psicóloga.
Crescimento das matrículas e necessidade de investimentos
Em São Paulo, o número de alunos com TEA na rede estadual chegou a 19,9 mil em 2024. Na capital paulista, a Secretaria Municipal de Educação registrou 20 mil estudantes autistas matriculados. O crescimento evidencia a importância de investimentos em políticas públicas voltadas à inclusão e ao suporte educacional para crianças com TEA.
A psicóloga ressalta que a inclusão vai além da presença física do aluno na escola. “Não adianta apenas colocar a criança em uma sala de aula sem garantir as adaptações necessárias. A inclusão verdadeira acontece quando a escola se compromete em oferecer um ambiente acessível, respeitando as particularidades de cada estudante”, conclui.
Com a ampliação das discussões sobre o tema e a adoção de práticas pedagógicas mais inclusivas, a expectativa é que cada vez mais crianças autistas possam usufruir dos benefícios da educação, garantindo um futuro com mais oportunidades e autonomia.