Nesta quarta-feira (16), o podcast Narrativas e Justiça, apresentado pela advogada Débora Cupertino, recebeu dois profissionais da área da saúde mental para uma conversa esclarecedora sobre crises de ansiedade. Participaram do episódio o psiquiatra Dr. Maurílio Prado e a psicóloga Dra. Fernanda Oliveira, que compartilharam suas experiências e orientações sobre como reconhecer, tratar e conviver com esse tipo de sofrimento emocional.
Com o tema “Crises de Ansiedade: Quando o Corpo Grita, o que a Mente Cala”, o episódio começou com os convidados se apresentando e falando sobre suas trajetórias profissionais. Dr. Maurílio explicou que a crise de ansiedade, do ponto de vista médico, é caracterizada por sintomas como taquicardia, sudorese, falta de ar, sensação de desmaio, dor no peito e medo intenso de perder o controle ou morrer. Ele alertou que esses sintomas muitas vezes se confundem com problemas físicos, como um ataque cardíaco, o que leva muitas pessoas a buscarem atendimento de urgência acreditando se tratar de uma condição física grave.
A Dra. Fernanda, por sua vez, trouxe o olhar da psicologia, explicando como identifica em sua prática clínica que uma pessoa está em crise. Segundo ela, há um padrão emocional e comportamental que envolve pensamentos catastróficos, sensação de ameaça iminente e perda da conexão com o presente. Ela também destacou a importância da escuta e do acolhimento por parte das pessoas próximas, alertando que frases como “é só psicológico” desvalorizam o sofrimento e atrapalham o processo de recuperação. A psicóloga apontou que fatores como estresse contínuo, traumas, sobrecarga emocional e falta de suporte podem desencadear crises.
Durante a conversa, os profissionais falaram ainda sobre causas e gatilhos, explicando que há sim uma predisposição genética para transtornos de ansiedade, e que o uso de substâncias como cafeína, álcool ou drogas pode agravar o quadro. Sobre o tratamento, Dr. Maurílio explicou que nem sempre é necessário o uso de medicação, mas que, quando indicado, os remédios como antidepressivos e ansiolíticos podem ajudar no controle dos sintomas. Ele também esclareceu que a medicação não vicia quando utilizada de forma correta, com acompanhamento médico.
A Dra. Fernanda explicou que no consultório o tratamento se dá por meio da psicoterapia, utilizando técnicas como respiração consciente, reestruturação cognitiva e dessensibilização. Ela reforçou a importância da constância no processo terapêutico, mesmo nos períodos em que a pessoa está mais estável, pois a prevenção também faz parte do tratamento.
Outro ponto abordado foi a importância da rede de apoio. Amigos e familiares têm um papel fundamental, mas precisam aprender a agir de maneira empática. Comentários que minimizam o sofrimento ou tentam “resolver” a situação com conselhos simplistas podem ser prejudiciais, mesmo que bem-intencionados. Os especialistas também discutiram as situações em que a internação pode ser necessária, especialmente em casos de risco à integridade física da pessoa, e destacaram que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece acolhimento para pessoas em crise por meio dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e unidades de pronto atendimento.
O episódio completo está disponível nas plataformas digitais e nas redes sociais do projeto. A proposta do podcast Narrativas e Justiça é justamente essa: aproximar o público de temas relevantes com uma linguagem acessível, promovendo informação, cuidado e consciência.
