Servidores do Hospital Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, realizaram nesta terça-feira (22) uma paralisação de 12 horas em protesto contra a sobrecarga de trabalho e o acúmulo de demandas cirúrgicas. O ato impactou diretamente o atendimento aos pacientes, com procedimentos eletivos sendo suspensos e apenas emergências mantidas. A mobilização é organizada pelo Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde/MG).
De acordo com o sindicato, cerca de 50% da equipe — incluindo técnicos de enfermagem, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais — aderiu ao movimento. Apenas três das oito salas cirúrgicas funcionaram durante o dia, comprometendo a rotina de atendimento. “O cenário é insustentável”, afirmou Luciana da Conceição Silva, diretora do Sind-Saúde, destacando a possibilidade de greve caso o Estado não se manifeste.
O principal motivo do protesto é o impasse envolvendo o Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), que desde dezembro de 2024 teve seu bloco cirúrgico fechado, transferindo cerca de 200 procedimentos mensais para o João XXIII. A situação foi agravada pela suspensão da terceirização da gestão do HMAL, que está paralisada por decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG).
Profissionais denunciam exaustão e falhas na integração entre os hospitais. Um servidor relatou que o número de cirurgias realizadas caiu quase pela metade. “Estamos fazendo 13 ou 14 procedimentos por dia, quando deveríamos fazer 24. Os pacientes estão sendo prejudicados”, disse. Um médico transferido do HMAL reforçou as críticas: “Estamos nos acostumando com o caos”.
Do lado de fora do hospital, manifestantes penduraram um cartaz com os dizeres: “HJXXIII vai parar. Responsabilidade do Zema!”. Pacientes também expressaram frustração. Uma mulher de 53 anos relatou esperar há quase duas semanas por atendimento devido a dores no quadril. Já Brenda Ayala, de 22 anos, se surpreendeu ao ter que aguardar mais de três dias por um otorrino, mesmo com sangramento no ouvido.
A Fhemig negou aumento de demanda durante o último feriado e afirmou que os atendimentos de urgência seguem garantidos com equipe mínima. Em nota, reforçou o compromisso com o diálogo e disse estar acompanhando os desdobramentos da paralisação.
Fonte: Jornal O TEMPO
Foto: Mateus Pena / O TEMPO