A menstruação nos acompanha durante uma grande parte da nossa vida. A imensa maioria das meninas vai menstruar antes dos 15 anos – muitas, inclusive, bem antes disso – e os ciclos continuam nos acompanhando até a menopausa, que ocorre, geralmente, entre 45 e 55 anos. Ou seja, é muito tempo para não entendermos melhor sobre esse processo fisiológico e como ele afeta o nosso corpo.
Se você notar alterações muito específicas, ou se o período menstrual representa um grande sofrimento para você (com cólicas muito intensas e incapacitantes, por exemplo) procure a avaliação de um ginecologista. E claro, mesmo se estiver tudo bem, não deixe de fazer o acompanhamento e os exames necessários periodicamente. Em geral, recomenda-se fazer uma consulta anualmente, pelo menos.
SANGUE MENSTRUAL: COR E CHEIRO
A cor e a consistência do sangue menstrual vão mudando conforme os dias do ciclo. “A gente tende a começar uma menstruação um pouco mais líquida, que pode ser em borra, que é aquela mais marrom, ou até mesmo vermelho vivo. No meio da menstruação o sangue fica mais viscoso, um líquido mais grosso, que aí sim tende a ser um vermelho mais vivo. E no final da menstruação, a tendência é voltar a ser aquele sangramento em borra, mais escasso e mais elástico”, explica a dra. Cecília Pereira, ginecologista e mastologista do Grupo Ifé Medicina.
Outro possibilidade é a formação de coágulos no sangue, como se fosse uma “menstruação em pedaços” ou com o aspecto semelhante a um bife de fígado. Muitas pessoas se assustam ao notá-los, mas, de acordo com a médica, isso é normal. ”Na verdade, o sangue fora do vaso sanguíneo coagula, então ele forma esses pequenos pedaços e não é nada importante”, esclarece.
Uma coisa importante que muita gente não sabe é que a menstruação não tem cheiro. Muitas vezes, é possível observar um cheiro que surge devido ao contato do sangue com o tecido do absorvente, mas quem utiliza o coletor menstrual normalmente consegue ter essa percepção de que o sangue, em si, não tem cheiro algum. Por isso, segundo a médica, se houver alguma alteração maior de odor, ela merece atenção. Busque um ginecologista para investigar.
FLUXO MENSTRUAL: ESTOU SANGRANDO DEMAIS?
O fluxo menstrual pode ser leve ou intenso, mas em muitos casos é difícil identificar se o volume está fora do padrão. Em geral, a quantidade varia muito de pessoa para pessoa: o normal é menstruar até 80ml por ciclo, mas algumas menstruam apenas 5ml. Quem faz o uso do coletor vai conseguir identificar esse volume com facilidade, já que o copinho tem as medidas em ml. Além disso, se o dispositivo precisa ser esvaziado em menos de 4 horas, é um sinal de alerta.
Quem utiliza absorvente precisa se atentar a quantidade de trocar: em geral, uma pessoa com fluxo intenso vai precisar realizar a troca em até 3 horas. “Notando que isso está acontecendo, é preciso ser investigado, pois existem algumas patologias que cursam com aumento do fluxo menstrual. Pode ser que você investigue e não encontre nada, seja algo fisiológico. Mas tem pacientes que sangram tanto que acabam desenvolvendo um quadro de anemia”, diz a especialista.
Além do fluxo em si, a duração padrão da menstruação pode variar de 3 a 7 dias. “É claro que existem pacientes que menstruam por mais dias. Quando isso é muito prolongado – a paciente menstrua por mais que uma semana – merece uma investigação. E mais uma vez você pode não encontrar nada, mas é importante descartar algum problema”.
Vale lembrar que o contrário também existe, ou seja, menstruar pouco. Segundo a médica, o fluxo muito leve pode ser normal. O mais importante é observar se a paciente está passando por uma alteração no padrão da menstruação, por exemplo, menstruar um número X de dias e esse número de repente começar a diminuir. Esse tipo de alteração pode ser associado à síndrome dos ovários policísticos ou, em casos raros, a problemas de tiróide. Também pode ocorrer em pessoas que praticam mais atividade física ou estão no período de climatério (transição entre a fase reprodutiva e a menopausa).
A MENSTRUAÇÃO ATRASOU, E AGORA?
Quando a menstruação atrasa, o primeiro pensamento que vem à cabeça (se houver essa possibilidade) é a gravidez. “É engraçado que até para nós, médicos, atraso menstrual em mulheres em idade fértil sempre faz a gente pensar primeiro em uma gestação. Mas de fato existem outras causas para o atraso menstrual”, afirma a dra. Cecília.
Entre os possíveis motivos estão: uso de contraceptivos como pílula anticoncepcional, injeção, implante e até mesmo DIU; imaturidade hormonal (isto é, pessoas nos primeiros anos da menstruação estão mais suscetíveis a ter ciclos irregulares); pacientes que tiveram bebê recentemente; pacientes que estão no climatério ou que têm menopausa precoce; pessoas com uma dieta muito restritiva, que praticam muita atividade física e têm uma baixa de nutrientes.
“Então, atraso menstrual a gente não pode simplesmente deixar de lado e achar que está ok. A primeira coisa, se é mulher em idade fértil, é fazer um teste de gravidez. O teste de gravidez não deu positivo? Vamos continuar a investigação”, destaca a médica.
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS
É normal evacuar mais e também ter um aumento da frequência urinária nos dias de fluxo menstrual por questões hormonais. O que não é normal é ter, além da perda de sangue, perda urinária involuntária. Para quem sofre com escapes de urina, uma opção é utilizar absorventes específicos para a incontinência urinária, que também podem ser usados durante a menstruação, até que se busque um tratamento especializado para a condição. Absorventes para a menstruação, no entanto, não devem ser usados para incontinência urinária, pois oferecem menos proteção e não controlam o odor como os absorventes específicos para esse uso.
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