A freira brasileira Aline Pereira Ghammachi, de 41 anos, natural de Macapá (AP), foi afastada do cargo de madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, na Itália, no último dia 21 de abril, data da morte do papa Francisco. A decisão ocorreu após uma denúncia anônima que a acusava de maus-tratos e desvio de recursos do mosteiro. Aline nega as acusações e afirma ser alvo de perseguição dentro da própria instituição religiosa.
Em entrevista ao g1 nesta segunda-feira (12), a religiosa revelou que o abade-chefe da ordem, frei Mauro Giuseppe Lepori, chegou a afirmar que ela era “bonita demais para ser freira” e que, por ser brasileira e mulher, não seria levada a sério no Vaticano. “Isso me feriu muito”, declarou.
A freira permanece na Itália e recorreu da decisão junto ao Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, a instância máxima da Justiça da Igreja Católica. Ela também afirma que apresentou a prestação de contas dos cinco anos à frente do mosteiro, sendo todas aprovadas pela auditoria e pela diocese.
“O que mais pesava na carta era a questão dos maus-tratos, do abuso de poder e de desvio de recursos. A questão financeira foi fácil de resolver. Só busco a Justiça”, disse Aline, que também contesta as demais acusações.
Desde sua saída, cinco freiras denunciaram a nova gestora do mosteiro por violência psicológica à polícia italiana, e ao todo, 11 religiosas deixaram o local.
Aline conta que desde os 15 anos sonhava com a vida religiosa. Após concluir o curso de administração de empresas em Macapá, decidiu ingressar no convento na Itália. Em 2018, aos 34 anos, tornou-se a madre-abadessa mais jovem do país. Durante sua gestão, o mosteiro passou a acolher mulheres vítimas de violência, pessoas com autismo e desenvolveu uma horta comunitária.
Foto: Divulgação/Vaticano e Sr. Vinera/Arquivo Pessoal
Fonte: g1 — Brasília
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