Novos casos da versão híbrida da covid-19, apelidada de Deltacron, foram identificados nos Estados Unidos e na Europa, apontaram pesquisadores. A linhagem combina genes das variantes Delta e Ômicron.
As análises realizadas até agora confirmam a infecção pela versão híbrida em 17 pessoas. Como esse é um número baixo, ainda não é possível saber se a nova cepa é mais ou menos transmissível e perigosa.
Recombinações genéticas dos coronavírus acontecem quando duas variantes infectam uma mesma célula hospedeira.
“Durante a pandemia, duas ou mais variantes co-circularam durante os mesmos períodos de tempo e nas mesmas áreas geográficas… Isso criou oportunidades de recombinação entre essas duas variantes”, disse o pesquisador Philippe Colson, do IHU Mediterranee Infection, instituto de microbiologia de doenças infecciosas de Marselha, na França.
Segundo ele, sua equipe desenvolveu um teste do tipo PCR, padrão ouro, que pode identificar rapidamente amostras positivas para a presença desse vírus.
Das 17 infecções por Deltacron confirmadas, 3 foram identificadas em pacientes franceses, duas em norte-americanos e as outras 12 foram relatadas na Europa desde janeiro. Todas elas levam a proteína spike, a parte do vírus que se liga às células humanas, da Ômicron e o corpo da Delta.
OMS reconhece nova cepa
Embora vários países já suspeitassem do surgimento da variante “deltacron”, a confirmação só veio após os virologistas franceses enviaram a sequência genômica completa ao banco de dados internacional de covid-19.
Após analisar os dados, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou oficialmente a existência da nova cepa na quarta-feira, 9.
No mês passado, após casos suspeitos, a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido classificou o vírus “recombinante” como um “sinal sob investigação” —dois níveis abaixo de uma variante de preocupação.
Também na quarta-feira, a OMS alertou mais uma vez que a pandemia está longe do fim, embora o número de infecções e mortes por covid-19 esteja diminuindo no mundo.
“Esta pandemia está longe de terminar e não terminará em lugar algum se não conseguirmos em todos os lugares”, enfatizou o diretor-geral da agência de saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Ele lamentou que dois anos depois, o vírus ainda esteja evoluindo, enquanto o mundo continua a enfrentar obstáculos na distribuição de vacinas, testes e tratamentos.