Em Minas Gerais, dois caminhões são levados por criminosos diariamente, segundo dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública. Em 2024, foram registrados 438 furtos e 233 roubos. A principal motivação está no lucro com o desmanche: peças de um caminhão avaliado em R$ 800 mil podem render até R$ 2 milhões no mercado ilegal.
De acordo com a Polícia Civil, quadrilhas especializadas agem em todo o Estado, aproveitando a extensa malha rodoviária e a falta de controle sobre a revenda de peças. O delegado Luciano Guimarães, da Depifrva, afirma que a atuação dessas redes criminosas vai além do roubo: “É um crime organizado e lucrativo, muitas vezes feito sob encomenda”.
A Associação Brasileira de Rastreabilidade (Abirpp) propõe como solução a marcação permanente de peças, chamada de “sistema de vacina”, dificultando a revenda ilegal. “O caminhão todo fica marcado. Isso inibe a ação antes mesmo do roubo”, afirma o presidente da entidade, Sinval Pereira.
Caminhoneiros relatam medo constante nas rodovias. Osvaldo Ferreira, de 55 anos, conta que já teve a carga saqueada após um acidente na BR-381. “Ninguém ajudou, só foram roubar”, desabafa.
Especialistas defendem mais investimento em investigação e inteligência policial para desarticular as redes de receptação, além do uso de rastreadores, bloqueadores e rotas seguras pelos profissionais da estrada.
Foto: Alex de Jesus / O TEMPO
Fonte: Jornal O Tempo
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