Enxaqueca Crônica: Uma doença incapacitante que afeta milhões e vai muito além da dor de cabeça

Por Dentro De Tudo:

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A enxaqueca crônica atinge cerca de 2% da população mundial e representa uma das principais causas de incapacidade no mundo. No Brasil, estima-se que 15% da população sofra com o problema, que compromete não só o bem-estar físico, mas também a vida pessoal, a produtividade no trabalho e o lazer. Ao contrário do que muitos pensam, a enxaqueca não se resume a uma simples dor de cabeça.

Caracterizada por crises frequentes, a condição é diagnosticada quando o paciente apresenta dores por mais de 15 dias por mês, durante três meses consecutivos, sendo que pelo menos oito desses dias têm sintomas típicos da enxaqueca: dor pulsátil em um lado da cabeça, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e ao som.

Além da dor, outros sintomas como irritabilidade, enjoo, rigidez na nuca, dificuldade de concentração e vontade súbita de comer doces são comuns. Fatores genéticos têm um papel central, mas hábitos de vida também influenciam a frequência das crises.

Segundo o neurologista Marcio Nattan, do Hospital das Clínicas e coordenador do Comitê de Educação da Sociedade Internacional de Cefaleia, a enxaqueca é a segunda maior causa de anos vividos com incapacidade no mundo. “Embora não mate, ela pode maltratar tanto a ponto de fazer o paciente desejar que matasse”, afirma.

Entenda as diferenças entre enxaqueca e cefaleia comum

Enquanto a cefaleia é um termo geral para dor de cabeça (que pode ser causada por estresse, sinusite ou até infecções), a enxaqueca é uma doença neurológica mais complexa. A enxaqueca costuma ser unilateral, pulsátil, de intensidade moderada a forte, com duração de até 72 horas e agravada por esforço físico. Pode vir acompanhada de aura — alterações visuais ou sensoriais que precedem ou acompanham a dor.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é clínico, feito por um médico com base nos relatos e sintomas do paciente. Exames de imagem como tomografia e ressonância são usados apenas para descartar outras condições. O tratamento inclui medicamentos preventivos — como antidepressivos, anticonvulsivantes e anti-hipertensivos — e também opções mais modernas como anticorpos monoclonais (disponíveis em alguns países) e o uso de toxina botulínica.

Para o alívio imediato das crises, medicamentos como analgésicos, anti-inflamatórios e triptanas são recomendados. Estilo de vida saudável, sono regular, hidratação, alimentação equilibrada e exercícios físicos também são fundamentais na prevenção das crises.

Mitos e verdades sobre alimentos e enxaqueca

Embora muitos acreditem que certos alimentos, como chocolate, sejam gatilhos para a enxaqueca, estudos mostram que, na maioria dos casos, a vontade de comer doces já faz parte da fase inicial da crise. Assim, o alimento não é o causador, mas sim um reflexo dos sintomas iniciais.

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