Motorista e entregadores de app agendam paralisação em BH para sexta-feira

Por Dentro De Tudo:

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Motoristas e entregadores ligados a aplicativos como Uber, Ifood e 99 planejam uma paralisação para esta sexta-feira (1º). A classe também irá realizar atos em Belo Horizonte para reivindicar melhores condições de trabalho dentro das plataformas. A nova manifestação vem na esteira do “apagão dos apps” realizado por parte dos trabalhadores nessa terça-feira (29).

Para entender as demandas da classe, o BHAZ ouviu Warley Leite, presidente da Appec (Associação dos Prestadores de Serviços que Utilizam Plataformas Web e Aplicativos de Economia Compartilhada). “A intenção é demonstrar toda a nossa insatisfação com o que as plataformas vem praticando contra motoristas, entregadores e estabelecimentos. É uma cadeia de pessoas que vem sendo prejudicada pela ganancia dos apps”, afirma.

Na sexta-feira, a concentração de entregadores e motoristas será no calçadão da Savassi. De lá, os trabalhadores irão até a Praça da Estação, por volta das 15h. Na praça, dois grupos de manifestantes se encontrarão para realização de protesto. A ideia é que todos mantenham os apps desligados durante o ato.

Risco de extinção

A principal demanda, que une toda a classe, é o repasse final aos trabalhadores. Warley afirma que o valor das tarifas cobradas, faça com que o rendimento dos trabalhadores esteja bem abaixo da atividade desenvolvida. “A gente tem que realmente tomar uma atitude, as categorias estão correndo um risco iminente da extinção e o pessoal agora acordou”, disse.

“É uma coisa que não é mais rentável, está completamente inviável, o verdadeiro capataz do Brasil é o algoritmo da plataforma. O cara toma prejuízo para trabalhar”, acrescentou. Warley afirma que no início deste ano, foi protocolado um ofício no Procon e Ministério Público. Na ocasião, a Uber e a 99 anunciaram reajuste, mas o motorista alega que o aumento não foi percebido pela classe.

Outras demandas

Segundo Warley, existem algumas reclamações mais específicas dos motoristas e entregadores. Entre elas está o funcionamento das corridas dinâmicas, que levam motoristas a se deslocarem, sem transparência ou retorno garantido. Warley menciona também a falta de comunicação para os bloqueios nas plataformas. Os entregadores reivindicam ainda o fim da corrida dupla, quando fazem duas entregas e recebem o valor de somente uma.

“Uma coisa que seria interessante é que os pedidos caíssem somente quando estiver pronto para entrega. Às vezes o entregador tem que ficar no estabelecimento esperando, sem nenhum tipo de estrutura, sem banheiro, no sol, na rua”, exemplifica o representante.

Classe unida

Warley avalia que há uma adesão cada vez maior dos trabalhadores aos protestos contra as empresas. “E uma categoria que, apesar dos revés que vem enfrentando da precarização, é muito forte, muito unida. A gente tem influenciadores, líderes de grupo que estão mobilizados, trabalhando fortemente nesses sentidos”, comenta.

O representante estima que a paralisação dessa terça-feira (29) teve uma adesão de cerca de 70% dos trabalhadores. Warley informa que houveram também alguns protestos isolados, incluindo um ato na porta da sede da Uber em BH, que incluiu algumas dezenas de trabalhadores. Ele acredita que a adesão pode ser ainda maior na sexta-feira (1º).

O BHAZ entrou em contato também com a AMOBH (Associação dos Motoqueiros e Bikeiros de Belo Horizonte), porém os representantes afirmaram que não estavam a frente da movimentação. A Fanma (Frente de Apoio Nacional ao Motorista Autônomo) afirmou à reportagem que não participou do protesto, que teria sido composto por “um grupo independente de motoristas”.

Appec propõe solução

Desacreditada da melhoria das condições nas empresas, a Appec tem proposto a criação de uma nova plataforma para motoristas e entregadores. Segundo Warley, como a associação não tem fins lucrativos, não será cobrada taxa para os associados. “Não terá preço dinâmico, será um preço fixo e justo. Hoje, as empresas ganham em cima do estabelecimento, do entregador e do cliente. A gente quer acabar com isso”, afirma.

“A nossa plataforma não tem a visão de aferir lucro, ela tem a visão de atender o usuário e gerar emprego. É a única solução que a gente vê”, acrescenta. Atualmente, a Appec já está testando uma plataforma que conecta motorista e outra que conecta estabelecimentos e entregadores.

O que dizem as empresas

Ao BHAZ, a 99 disse respeitar “o direito de livre manifestação e está sempre aberta ao diálogo, mantendo seu compromisso em construir novas soluções para os motoristas parceiros”. A empresa informa que no último dia 23 foi criado um auxílio que aumenta o valor a ser recebido pelos motoristas toda vez que o preço dos combustíveis sobe.

“Com isso, a empresa dá um adicional por quilômetro rodado para anular o aumento do combustível. Em Minas Gerais, em uma corrida de 12 km, que gasta 1 litro na média para carro popular, o reajuste será de R$ 2,28 para o trecho. Ou seja, o motorista recebe um valor superior ao aumento gasto em 1 litro de combustível, que é cerca de R$1,87”, explica, em nota (leia na íntegra abaixo).

Já o Ifood disse manter o “diálogo aberto com os entregadores para buscar melhorias e oportunidades para os profissionais como também para todo o ecossistema”. A empresa também disse ter feito reajustes na taxa dos motoristas.

“Neste ano, por exemplo, foi anunciado em março um reajuste (o terceiro em 12 meses) de 50% do valor mínimo do quilômetro rodado (R$1 para R$ 1,50) e da taxa mínima (de R$ 5,31 para R$6), e para garantir mais transparência, foram feitas mudanças na comunicação sobre a sinalização de causas de restrição, ativação e desativação da plataforma” (leia na íntegra abaixo).

O BHAZ também procurou a Uber para obter um posicionamento acerca das reivindicações dos motoristas parceiros, mas até a publicação desta matéria não havia recebido um retorno. Tão logo a empresa se manifeste, esta reportagem será atualizada.

Nota da 99 na íntegra

A 99 reconhece  e respeita o direito de livre manifestação e está sempre aberta ao diálogo, mantendo seu compromisso em construir novas soluções para os motoristas parceiros. Diante dos aumentos no preço dos combustíveis e dos impactos gerados nos ganhos dos motoristas parceiros, o aplicativo 99 lançou, no dia 23 de março, um auxílio no ganho do motorista que aumenta sempre que o combustível sobe. Com isso, a empresa dá um adicional por quilômetro rodado para anular o aumento do combustível. Em Minas Gerais, em uma corrida de 12 km, que gasta 1 litro na média para carro popular, o reajuste será de R$ 2,28 para o trecho. Ou seja, o motorista recebe um valor superior ao aumento gasto em 1 litro de combustível, que é cerca de R$1,87. Os motoristas parceiros podem acompanhar os ajustes por estado neste site: https://99app.com/combustivel/.

A ferramenta foi desenvolvida pelo DriverLAB, um centro de inovações da empresa 100% focado nos motoristas parceiros. O adicional será reajustado automaticamente e mensalmente, de acordo com o valor da gasolina informado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). A solução, inédita no Brasil, visa garantir previsibilidade e melhores condições financeiras aos parceiros.

Ao Adicional Variável de Combustível somam-se as outras iniciativas que a plataforma vem implementando para dar mais segurança financeira aos seus parceiros, como o pacote Mais Ganhos 99. Uma das ações do pacote, a Taxa Zero, oferece aos condutores 100% do valor das corridas em períodos e cidades específicas, além do recebimento de adicionais de congestionamento e deslocamento. Há, inclusive, casos em que é empregada a taxa negativa, ou seja, o valor repassado ao motorista é maior que o pago pelo passageiro. Esta diferença é custeada pela empresa para democratizar o acesso das pessoas e permitir mais ganhos aos parceiros.  

Nota do Ifood

O iFood respeita o direito de manifestação e esclarece que mantém o compromisso de diálogo aberto com os entregadores para buscar melhorias e oportunidades para os profissionais como também para todo o ecossistema.

Vale destacar que algumas medidas já adotadas para os entregadores também partiram dessa construção de diálogo com a categoria, além do iFood ser a primeira empresa na América Latina a organizar um fórum nacional para dialogar com entregadores que resultou em uma carta compromisso da empresa.

Neste ano, por exemplo, foi anunciado em março um reajuste (o terceiro em 12 meses) de 50% do valor mínimo do quilômetro rodado (R$1 para R$ 1,50) e da taxa mínima (de R$ 5,31 para R$6), e para garantir mais transparência, foram feitas mudanças na comunicação sobre a sinalização de causas de restrição, ativação e desativação da plataforma. Além disso, o iFood segue apoiando seus parceiros com a implementação de diferentes iniciativas, como a disponibilização de seguros contra acidentes pessoais e por lesão temporária – sendo a única empresa da indústria a oferecer esse tipo de cobertura, entre outros. Como empresa 100% brasileira, já foram investidos mais de R$160 milhões em iniciativas de apoio aos entregadores desde o início da pandemia.

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