Crise de ansiedade: como reconhecer os sinais, agir durante o episódio e buscar ajuda especializada
Sentir-se ansioso diante de situações desafiadoras é comum, mas quando a ansiedade atinge níveis extremos e se manifesta em forma de crise, o impacto pode ser assustador. Uma crise de ansiedade, também conhecida como ataque de pânico, provoca reações físicas e emocionais intensas, muitas vezes confundidas com problemas cardíacos ou neurológicos. Saber identificar os sintomas e adotar estratégias para enfrentá-los é essencial para lidar melhor com o momento.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tornou-se o país mais ansioso do mundo no primeiro ano da pandemia de COVID-19. Isso evidencia o quanto transtornos de ansiedade afetam milhões de pessoas e a importância de se falar abertamente sobre o tema.
Durante uma crise, o cérebro aciona o “modo de emergência” mesmo na ausência de perigo real. Hormônios como adrenalina e cortisol são liberados, desencadeando sintomas como taquicardia, falta de ar, tremores, sudorese, tontura, dores no peito e sensação de sufocamento. Ao mesmo tempo, surgem pensamentos catastróficos, medo de morrer, de enlouquecer ou perder o controle.
Esses episódios costumam atingir o pico em poucos minutos e, embora não deixem danos físicos permanentes, podem ser emocionalmente devastadores. É comum que, após uma crise, a pessoa sinta exaustão e medo de enfrentar novas situações semelhantes.
Além dos sintomas físicos, as manifestações emocionais são profundas: sensação de desrealização, medo extremo, pensamentos intrusivos e alterações comportamentais. A pessoa pode se isolar, chorar, hiperventilar ou buscar desesperadamente um local seguro.
Para lidar com uma crise de ansiedade, especialistas recomendam algumas estratégias:
- Respiração controlada: Inspire lentamente pelo nariz e expire pela boca, contando os segundos. Isso ajuda a diminuir a frequência cardíaca e a sensação de falta de ar.
- Redirecionamento da atenção: Contar objetos no ambiente, descrever cores ou realizar pequenos cálculos pode quebrar o ciclo de pensamentos negativos.
- Relaxamento muscular: Soltar os ombros, descruzar braços e alongar o pescoço ajudam a aliviar a tensão corporal.
- Afastar-se do gatilho: Se possível, vá para um ambiente calmo ou visualize mentalmente um lugar seguro.
- Técnicas sensoriais: Usar gelo, lavar o rosto com água fria ou inalar aromas suaves (como lavanda) pode ajudar a “aterrar” os sentidos e diminuir a ansiedade.
Essas medidas são formas de “primeiros socorros emocionais” e não substituem o tratamento médico. Caso as crises sejam recorrentes ou afetem significativamente a rotina, é importante procurar um profissional de saúde mental.
O psiquiatra Dr. Petrus Raulino, responsável pela Clínica de Psiquiatria que leva seu nome em Campinas (SP), destaca que “não há saúde sem saúde mental”. Ele ressalta que ter crises de ansiedade não define quem a pessoa é, e que o tratamento adequado permite o resgate da qualidade de vida e do bem-estar. Para o médico, buscar ajuda é um ato de coragem, e não de fraqueza.
A clínica oferece atendimento especializado e materiais educativos para orientar pacientes e familiares sobre transtornos de ansiedade, depressão e outros desafios emocionais. O trabalho da equipe visa combater estigmas, orientar sobre os sinais de alerta e promover caminhos de enfrentamento eficazes.
Se você sente que sua ansiedade está fora de controle ou enfrenta crises frequentes, não hesite em procurar apoio. Há terapias eficazes e, se necessário, medicamentos seguros que ajudam a controlar os sintomas. Viver com medo constante não precisa ser sua realidade. Com tratamento, é possível recuperar o equilíbrio emocional e viver com mais tranquilidade.