Criança autista de 4 anos é encontrada amarrada em banheiro de escola; funcionária é indiciada por tortura

Por Dentro De Tudo:

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Um caso grave de maus-tratos em uma escola particular de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (PR), ganhou repercussão nacional nesta semana. Um menino autista de 4 anos foi encontrado amarrado a uma cadeira no banheiro da escola infantil Shanduca. O flagrante foi registrado por uma funcionária da instituição, que acionou a Guarda Municipal e o Conselho Tutelar. A Polícia Civil do Paraná indiciou uma funcionária pelo crime de tortura.

Segundo os pais da criança, Mirian e Augusto Ambrozio, o menino, que é autista e não verbal, apresentava marcas nos braços após a retirada das amarrações feitas com fita crepe, faixa de pano e um cinto. O flagrante ocorreu na segunda-feira (7), após a funcionária da escola, que já havia presenciado situação semelhante anteriormente, decidir registrar a cena e encaminhar o material ao vereador Leandro Andrade (Solidariedade), que levou o caso às autoridades.

A conselheira tutelar que atendeu a ocorrência afirmou que encontrou o menino batendo os pés como se pedisse socorro. A criança foi imediatamente libertada e entregue à mãe, que chegou instantes depois. A cadeira em que ele estava preso apresentava sinais de adaptação para esse tipo de contenção, levantando suspeitas de que o método era recorrente.

Após a repercussão do caso, outras famílias relataram situações semelhantes envolvendo seus filhos na mesma escola. Um dos casos é o da filha de Bruno Incott, de apenas três anos, cuja imagem amarrada em uma cadeira foi compartilhada com ele. A foto teria sido registrada dois meses antes do flagrante mais recente.

Áudios entregues por funcionárias apontam que a diretora da escola, Danieli Alexandra Zimermann, reconhecia e orientava a contenção dos alunos, embora demonstrasse preocupação com o local onde isso era feito. Contraditoriamente, a diretora aparece em vídeos nas redes sociais falando sobre acolhimento e carinho no trato com crianças autistas.

Durante as investigações, a polícia identificou que a escola mantinha uma alta rotatividade de funcionários, muitos sem registro formal e sem qualificação profissional. A jovem Sara Maria Erdeman Correia, de 18 anos, foi presa em flagrante por tortura, mas posteriormente liberada. Ela justificou sua conduta afirmando que o menino estava muito agitado e teria recebido autorização da pedagoga Gabriela Fernandes, que é estagiária e não possui formação completa.

A diretora alegou que estava afastada do cargo por motivo de saúde no momento do incidente e repudiou os atos em suas redes sociais. No entanto, o delegado Erineu Portes, responsável pelo caso, afirmou que as provas contra a escola são “robustas” e indicam repetição de práticas abusivas, incluindo denúncias anteriores de 2023, que não resultaram em punições.

A Promotoria já solicitou a prisão preventiva da funcionária envolvida, e o caso segue sendo investigado pela Polícia Civil.

Fonte: G1 / Fantástico

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