Um vídeo que circula nas redes sociais, no qual homens são questionados sobre quem amam mais — a mãe, a esposa ou os filhos — reacendeu um debate delicado: a suposta obrigação de gratidão eterna dos filhos em relação aos pais. A discussão ganhou força ao refletir sobre como o amor e o cuidado familiar podem se transformar em cobranças emocionais disfarçadas de afeto.
O psicólogo Gabriel Aguilar, especialista em terapia de casal, afirma que gratidão verdadeira nasce do vínculo e do afeto, não da imposição. “Retribuir por amor é uma coisa. Exigir gratidão como uma dívida emocional é outra completamente diferente”, explica. Segundo ele, chantagens emocionais do tipo “depois de tudo que fiz por você…” tendem a gerar culpa, frustração e até afastamento nas relações familiares.
Aguilar alerta que esse tipo de cobrança pode criar filhos que crescem com medo de decepcionar os pais, têm dificuldade de se posicionar e enfrentam crises de identidade. “Um filho que vive para agradar aos pais muitas vezes não sabe quem é de verdade”, diz o psicólogo.
Além da gratidão forçada, a discussão também abordou o papel do perdão em relações familiares marcadas por cobranças excessivas. Para Aguilar, perdoar não é esquecer, mas reconhecer a dor e, muitas vezes, compreender que os próprios pais também carregam feridas emocionais. “O perdão quebra a corrente da culpa e, com limites claros, pode reconstruir pontes onde antes havia mágoa”, afirma.
Em tempos de viralizações e afeto exposto nas redes, o especialista defende que o amor saudável não se mede nem se hierarquiza. “Pais não são investidores esperando retorno. Amor e gratidão não podem ser moeda de troca. Só têm valor quando são livres e espontâneos”, conclui.
Foto: iStock / Divulgação
Fonte: O Tempo – 15/07/2025
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