Em 4 anos, número de vezes em que faltou água nas cidades de Minas disparou 52%

Por Dentro De Tudo:

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Nos últimos quatro anos, a falta de água nas casas de moradores de cidades abastecidas pela Companhia de Saneamento e Abastecimento de Minas Gerais (Copasa) se tornou mais comum. E isso não é somente uma sensação dos clientes. Dados da própria empresa mostram que, somente em 2018, foram registradas 3.063 interrupções no serviço. No ano passado essas ocorrências dispararam: 4.668 paralisações. Isso representa um aumento de 52% nos registros deste período. 

Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e só contabilizam as interrupções com mais de 12 horas de duração. Ou seja, entra na estatística uma situação em que a empresa detectou um problema no abastecimento de água de um bairro por volta de 10 horas da manhã, por exemplo, e que só foi normalizada após as 22 horas. Se o problema foi resolvido antes desse horário, a ocorrência não entra na planilha de dados fornecidos pela Copasa à reportagem. 

De acordo com a companhia, em 2018, foram 3.063 interrupções no serviço. No ano seguinte, o número caiu para 2.915, mas subiu em 2020 para 3.178. Em 2021, foram registradas 4.668 paralisações no serviço de abastecimento de água em todo o Estado – o maior de todo o período. 

Em 2021, a companhia, que tem como acionista majoritário o Governo de Minas Gerais, registrou lucro de R$ 573 milhões, conforme balanço divulgado aos investidores no mês passado. A Copasa atende a 610 cidades mineira, de acordo com informações disponíveis no site da empresa. 

Capital

Em Belo Horizonte, os números se mantiveram estáveis, com pequena redução na interrupção dos serviços ao longo do período de quatro anos. 

Conforme os dados obtidos pela reportagem, foram registradas 594 paralisações em 2018. No ano seguinte, o número caiu para 432 mas subiu para 603 em 2020. No ano passado, foram 531 vezes em que a Copasa registrou interrupção no abastecimento de água – por mais de 12 horas – na capital mineira. 

Racionamento 

Os problemas relacionados ao fornecimento de água em Belo Horizonte e região metropolitana foram evidenciados neste ano. Depois que uma adutora do sistema Serra Azul se rompeu, entre as cidades de Betim e Juatuba, a Copasa determinou um racionamento para consumidores de sete cidades da região. 

Com relatos constantes de falta de água – muitas vezes por mais de um dia, de forma ininterrupta – por parte dos moradores, a Copasa resolveu anunciar um rodízio. Pelos planos da companhia, os moradores de bairros atingidos seriam divididos em quatro grupos e ficariam 24 horas sem água para três dias com fornecimento regular. Ao todo, dois milhões de pessoas foram afetadas. 

No entanto, houve denúncias de consumidores de que o racionamento forçado não estaria funcionando. 

Resposta 

Questionada sobre os números de interrupções no fornecimento de água, a Copasa informou que as obras para ampliação e melhoria no abastecimento de água podem estar por trás dos dados dos anos de 2020 e 2021. 

“O montante investido nos sistemas de abastecimento de água e esgoto em 2021 foi de R$ 943,4 milhões, valor 95% superior a 2020, considerando a Controladora e a Copanor, subsidiária que atende as regiões Norte e Nordeste de Minas. Em 2020, ano fortemente impactado pela pandemia, os investimentos da companhia somaram R$ 481,7 milhões”, contabiliza a Copasa.

A companhia também culpa furtos de cabos elétricos e falta de energia pelas constantes paralisações no abastecimento de água dos moradores. 

“Um levantamento feito pela empresa apontou para um crescimento na média de ocorrências mensais de furtos de cabos, que acabam impactando diretamente nos serviços da empresa. Só no último ano, entre março de 2021 e 2022, a Copasa registrou 104 situações de furto de cabo, sendo a maior parte na RMBH, na região Central e no Sul do Estado”, informou a Copasa por meio de nota oficial. 

Ainda de acordo com a Copasa, manutenções emergenciais e programadas, preventivas e corretivas, manutenções em reservatórios, em redes de captação de água e até o grande número de chuvas ocorrido nos últimos anos podem ajudar a justificar o desabastecimento. 

“A Copasa reitera que não mede esforços para garantir um serviço de excelência aos municípios atendidos pela companhia”, encerra.  

Fonte: Itatiaia.

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