Uma investigação da Polícia Federal revelou que um grupo criminoso desviou quase R$ 40 milhões do programa Farmácia Popular utilizando farmácias de fachada em diversas regiões do país. O esquema também servia como rota para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e financiamento da compra de cocaína na Bolívia e no Peru.
As fraudes envolviam o uso indevido de CPFs de pessoas inocentes e a criação de empresas com CNPJs adquiridos por laranjas. Em Águas Lindas (GO), moradores descobriram que duas farmácias que nunca existiram receberam juntas quase R$ 500 mil em repasses do programa, apesar de nunca terem funcionado no local.
O caso teve início após a apreensão de drogas em um caminhão vindo de Rondônia, levando os investigadores a identificar empresários do ramo farmacêutico envolvidos no esquema. A partir de documentos e mensagens encontradas em celulares apreendidos, a polícia descobriu uma rede que operava em estados como Goiás, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.
A organização chegou a registrar farmácias em terrenos baldios, utilizando números de telefone de outras cidades. Uma das fornecedoras de CNPJs e documentos falsos teria atuado em diversos estados, permitindo o funcionamento irregular das drogarias.
O grupo também utilizava familiares e pessoas de baixa renda como laranjas, registrando empresas em seus nomes para movimentar grandes quantias de dinheiro. Entre os indícios descobertos, está o caso de uma pessoa que, embora morasse em uma casa simples, figurava como sócia de várias farmácias e movimentava altos valores.
Segundo a investigação, cerca de 160 mil CPFs foram utilizados de forma fraudulenta em 148 farmácias reais ou fantasmas. O programa Farmácia Popular oferece medicamentos gratuitos ou com até 90% de desconto, mediante apresentação de receita médica, CPF e documento com foto.
De acordo com o Ministério da Saúde, o sistema do programa bloqueia diariamente cerca de 140 mil tentativas de autorizações irregulares. No entanto, o esquema criminoso conseguiu burlar o controle por meio de documentos falsos e conivência de algumas empresas.
A PF segue apurando os detalhes da operação e busca responsabilizar todos os envolvidos. O caso expõe os riscos à saúde pública e o impacto que fraudes dessa natureza causam a programas essenciais para a população.
📌 Fonte: Fantástico / Polícia Federal / Ministério da Saúde
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