Entrevista Exclusiva: Diretor da Fergubel explica paralisação temporária das atividades em Matozinhos

Por Dentro De Tudo:

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A siderúrgica Fergubel, localizada em Matozinhos, anunciou nesta quinta-feira (25), por meio das redes sociais, a paralisação temporária de suas atividades. A decisão, segundo a direção da empresa, é consequência direta da incerteza causada pelas novas tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos à importação de ferro gusa brasileiro.

Em entrevista exclusiva ao Por Dentro de Tudo, o diretor da Fergubel, André, explicou que entre 80% e 90% da produção da empresa é destinada ao mercado norte-americano, e que a tarifa de 50% anunciada recentemente tornou inviável a continuidade da produção. “Já vínhamos com um mercado defasado. Este ano, absorvemos uma tarifa de 10%, mas agora, com 50%, não há como manter a produção. Foi necessário antecipar a parada, mesmo antes da entrada oficial da medida”, afirmou.

Segundo ele, os próprios compradores americanos solicitaram a suspensão das entregas diante da incerteza do cenário. “Com isso, ficamos sem saída. Antecipamos as férias para os funcionários e usaremos esse tempo para adiantar também uma manutenção no forno, que estava prevista para o fim do ano”, explicou.

A empresa concedeu 15 dias de férias aos seus cerca de 150 funcionários, com possibilidade de prorrogação por mais 15 dias. Caso a crise persista, a Fergubel poderá recorrer ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que permite a manutenção dos contratos por até cinco meses. “Não há qualquer previsão de demissão. Estamos mantendo tudo sob controle”, garantiu o diretor.

Além do impacto direto sobre os funcionários, estima-se que a paralisação atinja também cerca de 500 empregos indiretos. “O setor vive uma das maiores crises dos últimos tempos. Toda a produção de ferro gusa da região depende do mercado americano. E outros setores, como o de alimentos e de commodities agrícolas, também estão sendo impactados pelas tarifas”, destacou.

André informou ainda que a empresa já iniciou negociações com compradores da Europa e da China. Um dos diferenciais, segundo ele, é que o ferro gusa brasileiro é considerado “verde”, por possuir menor impacto ambiental. “Isso nos dá vantagem competitiva em mercados mais exigentes ambientalmente”, completou.

Para tentar minimizar os efeitos da crise, o setor tem se articulado com o poder público. Empresários, representantes do Sindifer (Sindicato da categoria) e prefeitos da região participarão de uma reunião em Brasília no próximo dia 30 de julho para discutir o assunto com autoridades federais. “Estamos todos unidos e empenhados em resolver essa situação o quanto antes”, concluiu André.

👉 Assista à entrevista completa no canal do YouTube do Por Dentro de Tudo:

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