O governo dos Estados Unidos, por meio da Secretaria do Tesouro, procurou o Ministério da Fazenda do Brasil para discutir o recente tarifaço imposto pela gestão de Donald Trump contra produtos brasileiros. A informação foi confirmada pelo ministro Fernando Haddad nesta quarta-feira (31), durante entrevista à imprensa em Brasília.
Segundo Haddad, a nova rodada de conversas marca a retomada das negociações que começaram em maio, antes do anúncio da tarifa de 50% sobre diversas exportações brasileiras. “A assessoria do secretário Scott Bessent entrou em contato e agora haverá uma segunda reunião para que possamos apresentar nosso ponto de vista”, disse o ministro.
O encontro, ainda sem data definida, será considerado o ponto de partida das negociações. Para Haddad, o momento é mais favorável do que o previsto, mas ele destaca que há muita injustiça nas medidas adotadas. De acordo com o governo brasileiro, 43% das exportações não foram afetadas pelas tarifas, o que representa 694 produtos. No setor mineral, cerca de 25% dos itens foram taxados.
Proteção à indústria e ao agronegócio
Diante do novo cenário, a equipe econômica do governo trabalha na elaboração de um programa de proteção a empregos nos setores da indústria e agronegócio, diretamente impactados pelo tarifaço. As medidas devem ser anunciadas no início de agosto.
“A Fazenda está preparando os atos para envio à Casa Civil. Vamos calibrar com base nas medidas anunciadas para que possamos mitigar os efeitos mais graves”, afirmou Haddad.
Sanções contra Moraes
O ministro também comentou as sanções impostas ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, pela Lei Magnitsky dos EUA. Haddad classificou a medida como um erro e ressaltou que o Brasil tem mecanismos internos para lidar com eventuais controvérsias. “Não é preciso recorrer à agressão de uma potência externa. Temos instituições e instâncias internas para isso”, pontuou.
Haddad reforçou que o Brasil continuará defendendo seus interesses. “Nunca saímos da mesa e não é agora que vamos sair. Nada do que foi decidido não pode ser revisto”, concluiu.
Fonte: O Tempo