Amamentar é um processo que vai muito além do ato físico: o estado emocional da mãe interfere diretamente na produção e na ejeção do leite materno. Quando a mãe está ansiosa, estressada ou deprimida, seu corpo libera hormônios como adrenalina e cortisol, que prejudicam a ação da ocitocina — responsável por liberar o leite — e da prolactina — que estimula sua produção.
O mastologista Guilherme Dantas, do Grupo Oncoclínicas e da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, explica que a ansiedade pode causar um ciclo negativo, em que o bebê passa a ter mais dificuldade para mamar, reduzindo ainda mais a produção do leite. Se essa situação persistir, há risco de cessação definitiva da lactação.
Já a pediatra Suamy Goulart, do grupo Mantevida, destaca que o estresse pode modificar discretamente alguns elementos de defesa do leite, como as imunoglobulinas, mas reforça que essas alterações não comprometem a qualidade nutricional do leite materno, que continua adequado e seguro mesmo em situações emocionais adversas.
Para garantir uma amamentação saudável, o suporte emocional é fundamental. Um ambiente calmo, o contato pele a pele com o bebê, grupos de apoio e técnicas de relaxamento, como a respiração profunda e o mindfulness, são importantes aliados para ajudar as mães a lidar com o estresse.
“Mais do que controlar o estresse, o ideal é prevenir com acolhimento e suporte profissional. O leite materno leva muito mais do que nutrientes: ele leva afeto, conexão e tudo aquilo que a mãe vive e sente”, resume a pediatra.
Em resumo, apesar dos impactos emocionais que podem interferir no processo, a amamentação é um momento de vínculo e cuidado que exige atenção tanto à saúde física quanto à saúde mental da mãe.
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