Tarifas de trump podem ajudar a reduzir inflação no brasil e favorecer lula nas eleições de 2026, diz economista

Por Dentro De Tudo:

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O economista Samuel Pessôa, pesquisador do BTG Pactual e da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), avalia que as tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil podem contribuir para uma leve redução da inflação no país, o que beneficiaria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2026. Segundo Pessôa, Lula tem incentivos para não retaliar essas tarifas, pois, ao não reagir, o Brasil pode experimentar uma desinflação moderada no médio prazo.

O especialista explica que a elevação das tarifas sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, como café e laranja, pode levar a uma redução na demanda americana por esses itens, o que aumentaria a oferta desses produtos no mercado interno brasileiro, pressionando os preços para baixo. Embora o efeito seja mais evidente no suco de laranja devido à grande participação do mercado americano, produtos como café e carne também podem sofrer impacto, mesmo que os preços internacionais influenciem a dinâmica de oferta e demanda.

No entanto, Pessôa alerta que, a médio prazo, o aumento das tarifas é prejudicial, pois o comércio internacional aberto favorece a economia global. Ele destaca que a retaliação pode servir como instrumento de negociação, mas o Brasil, com pouco poder de barganha, tem mais a ganhar ao não retaliar diretamente. O economista ainda recomenda que, caso o governo brasileiro decida socorrer os setores mais afetados, como o de laranja, o programa de apoio deve ter regras claras e prazo definido para evitar que se torne um benefício permanente.

O economista também comenta que o uso de crédito extraordinário para financiar esse socorro aumentaria a pressão sobre as contas públicas brasileiras, que já enfrentam desafios fiscais estruturais. Apesar disso, ele acredita que o apoio emergencial é necessário para os setores mais impactados.

Sobre a possibilidade de o Brasil seguir o exemplo da União Europeia e buscar uma redução das tarifas, Pessôa considera que é viável, mas ressalta que as demandas de Trump vão além do comércio e envolvem questões políticas e de soberania, que não devem ser negociadas.

Em relação às negociações comerciais globais, Pessôa observa que os Estados Unidos têm vantagem em guerras comerciais por serem uma democracia, onde a perda de bem-estar impacta as eleições, enquanto regimes autoritários, como o da China, não sofrem as mesmas restrições. Ele também destaca o papel importante do setor privado americano, que pode atuar como aliado do Brasil na busca pela redução das tarifas, por meio de ações legais e lobby.

Por fim, o economista mantém a previsão de que o Brasil terá um “pouso suave” na economia, com crescimento desacelerado em 2025 e 2026, mas sem impactos severos no emprego. Ele acredita que Lula chegará às eleições com a economia em bom estado, independentemente das tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Foto: Getty Images via BBC

Fonte: BBC News Brasil

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