Alexandre de Moraes diz ao Washington Post que não recuará diante de pressões externas e acusações de excessos

Por Dentro De Tudo:

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou em entrevista ao jornal norte-americano Washington Post que não existe “a menor possibilidade de recuar nem um milímetro” diante das acusações de perseguição política e de supostos abusos de poder. A declaração foi dada após o governo dos Estados Unidos, sob liderança de Donald Trump, impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, revogar o visto de entrada do magistrado e incluí-lo na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, sob alegação de violações de direitos humanos contra Jair Bolsonaro e outras figuras da direita brasileira.

Moraes rebateu as críticas, enfatizando que seguirá conduzindo os processos com base em provas: “quem tiver que ser condenado, será condenado; quem tiver que ser absolvido, será absolvido”. O ministro vem sendo alvo de acusações de “caça às bruxas” por parte de Trump, que o acusa de restringir a liberdade de expressão com inquéritos voltados ao combate à desinformação.

O Washington Post descreveu Moraes como “xerife da democracia” e lembrou que ele foi responsável por medidas como a suspensão da plataforma X no Brasil, após descumprimento de decisões judiciais, o que levou Elon Musk a chamá-lo de “Darth Vader do Brasil”. O ministro também determinou prisões de políticos, a destituição do então governador do Distrito Federal após os atos de 8 de janeiro de 2023 e, mais recentemente, colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro em prisão domiciliar, além de bani-lo das redes sociais.

A reportagem destacou que amigos e colegas consideram Moraes peça central na defesa da democracia brasileira, mas também reconhecem críticas sobre um suposto acúmulo excessivo de poder. O magistrado, no entanto, rejeitou essas acusações e disse que seu papel é aplicar a “vacina” contra o autoritarismo: “O Brasil teve anos de ditadura sob Getúlio Vargas, depois mais 20 anos de regime militar e inúmeras tentativas de golpe. Quando se é mais atacado por uma doença, você forma anticorpos mais fortes e busca uma vacina preventiva”.

Moraes assumiu a linha de frente em praticamente todos os inquéritos ligados a ataques à ordem democrática, inclusive na condução das eleições de 2022 como presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Foi ele quem liderou os processos que tornaram Bolsonaro inelegível e quem assumiu as apurações sobre um suposto plano golpista para manter o ex-presidente no poder.

Ao jornal americano, Moraes ressaltou que mais de 700 de suas decisões já foram revisadas pelos colegas do STF, sem que nenhuma tenha sido revertida. Inspirado em nomes como John Jay, Thomas Jefferson e James Madison, disse que admira a tradição constitucional dos Estados Unidos, mas classificou as atuais tensões entre os dois países como temporárias e alimentadas por “narrativas falsas” espalhadas por desinformação, especialmente por Eduardo Bolsonaro.

Mesmo admitindo que perdeu parte de suas liberdades pessoais, Moraes disse que continuará no mesmo caminho: “Enquanto houver necessidade, a investigação vai continuar”.

Foto: Maria Isabel Oliveira/O Globo

Fonte: O Globo

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