Horas antes de ser assassinado enquanto trabalhava em Belo Horizonte, o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, enviou uma mensagem de áudio para a esposa, Liliane. No registro, ele falava do frio e desejava bom dia. O gesto simples se tornou a última lembrança que Liliane guarda do companheiro.
Laudemir, conhecido carinhosamente como “Lau”, foi morto a tiros pelo empresário René da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, na madrugada em que cumpria sua rotina de trabalho na coleta de lixo. Segundo testemunhas, o empresário se irritou ao não conseguir passar pela rua bloqueada pelo caminhão da equipe.
“Meu Lau saiu para trabalhar. O meu Lau tinha prazer em voltar para casa. E aí eu recebo um caixão. Mataram o meu Lau”, desabafou a viúva em entrevista ao Fantástico.
O gari trabalhava havia sete anos em uma empresa de limpeza urbana da capital e era descrito pela esposa como um companheiro presente em todas as áreas da vida familiar. Ele acordava diariamente às 2h30 para cumprir sua jornada.
Investigação e acusações
René Júnior foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, porte ilegal de arma e ameaça. Se condenado, pode pegar até 30 anos de prisão. Na audiência de custódia, o juiz destacou o histórico do empresário, que já responde por violência doméstica contra a ex-esposa, apontando “personalidade violenta”.
A defesa afirma que só irá se manifestar após ter acesso aos autos. A Polícia Civil investiga também se a esposa do empresário terá alguma responsabilização administrativa, já que a arma usada pertencia a ela.
O delegado Evandro Radaelli disse não haver dúvidas sobre a autoria do crime: “Temos indícios contundentes e irrefutáveis”.
Agora, a família de Laudemir enfrenta a dor da perda e pede justiça. “Desde o dia que eu conheci ele, ele foi esse homem maravilhoso na minha vida. Deus me emprestou o Lau. Agora, eu tenho que seguir sem ele”, disse Liliane.
📷 Fonte: g1 Fantástico