Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), incluindo o brasileiro Alysson Muotri, anunciaram um feito inédito no estudo do Alzheimer: minicérebros humanos, organoides cerebrais cultivados em laboratório, foram acelerados no desenvolvimento por meio do grafeno, um material ultrafino derivado do carbono. Publicado na revista Nature Communications, o estudo mostra que os organoides amadureceram mais rápido e conseguiram enviar sinais elétricos para controlar um robô simples.
O grafeno funciona como uma ponte de estímulo, permitindo que os neurônios formem conexões mais rapidamente, sem alterar o DNA ou danificar as células. Com isso, organoides derivados de pacientes com Alzheimer puderam envelhecer em laboratório em semanas, em vez de anos, permitindo observar os efeitos da doença em menor tempo.
Além de acelerar o desenvolvimento, os pesquisadores conectaram os organoides a um robô equipado com sensores. Quando estimulados, os minicérebros enviaram sinais elétricos que permitiram ao robô desviar de obstáculos, demonstrando potencial para criar sistemas neuro-bio-híbridos, nos quais tecidos vivos interagem diretamente com máquinas.
Apesar do avanço, os cientistas ressaltam que a técnica ainda está em estágio experimental e restrita ao laboratório, sem aplicação clínica imediata. Os organoides não reproduzem totalmente a complexidade do cérebro humano, mas abrem caminho para testar drogas, estudar Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas de forma mais eficiente.
Crédito da foto: Wikimedia/Domínio Público
Fonte: g1