Recentemente, a atriz e apresentadora Erika Januza compartilhou em um episódio do programa Saia Justa, do canal GNT, sua experiência ao tentar congelar óvulos aos 40 anos, sem sucesso. A artista revelou que, por diversas razões, nunca havia encontrado o momento certo para se tornar mãe e acabou adiando esse desejo. Ao decidir congelar os óvulos, há dois anos, ela foi alertada por seu médico sobre os riscos e a maior probabilidade de insucesso. “Todo processo que você passa, aquelas injeções… não é um processo que é para todo mundo, porque é caro e demanda muito emocionalmente, financeiramente e fisicamente”, afirmou.
Ela também expressou suas reflexões sobre seu desejo de maternidade: “Fico pensando: será que nunca vou ter a minha continuação no mundo? […] sempre acho que Deus sabe de todas as coisas”, ponderou.
Os dados do IBGE mostram que a maternidade tardia está se tornando cada vez mais comum no Brasil. Entre 2018 e 2023, houve um aumento de 16,8% no número de mulheres que tiveram filhos após os 40 anos, e um crescimento de 46% entre 35 e 39 anos nos últimos 13 anos. O aumento das chances de uma gravidez tardia é em grande parte devido à técnica de congelamento de óvulos, que requer planejamento e informações apropriadas.
A ginecologista Graziela Canheo aponta que o interesse pelo congelamento de óvulos tem crescido drasticamente, uma consequência da maior conscientização das mulheres sobre a relação entre idade, quantidade e qualidade dos óvulos disponíveis. “Cada vez mais mulheres buscam essa técnica para preservar a fertilidade e planejar a maternidade conforme suas circunstâncias de vida”, explica.
A especialista Paula Fettback enfatiza que essa metodologia proporciona maior autonomia às mulheres em relação ao seu planejamento familiar. “O congelamento permite a mulher ter liberdade de escolha, reduzindo a pressão do relógio biológico, que muitas vezes não coincide com a realidade da vida pessoal”, afirma. Ela adverte, no entanto, que a técnica não garante a gravidez futura, embora seja uma opção que pode ajudar a aumentar as chances.
As taxas de sucesso do congelamento variam com a idade; mulheres até 35 anos têm entre 60% a 80% de chances de sucesso, reduzindo para 20% a 50% entre 36 e 40 anos, e caindo para menos de 20% após os 40 anos. O processo de congelamento leva cerca de 14 dias e envolve indução hormonal, coleta por punção e armazenamento de óvulos em nitrogênio líquido.
Os custos da técnica podem variar de R$ 10 mil a R$ 20 mil, além das taxas anuais de conservação dos óvulos. Portanto, é essencial que a paciente receba orientações realistas sobre o procedimento desde o início, evitando decisões tomadas sob pressão.
Embora as mulheres possam engravidar até os 50 anos ou mais, é vital que haja uma avaliação médica adequada. A doação de óvulos é uma alternativa a ser considerada, especialmente em idades mais avançadas. Apesar dos desafios, o congelamento de óvulos é uma opção viável para muitas mulheres que desejam planejar a maternidade conforme suas circunstâncias pessoais.
*Fonte: Metrópoles*