Belo Horizonte – Parte do processo sobre o assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, morto enquanto trabalhava no dia 11 de agosto, passou a tramitar sob sigilo. A decisão foi tomada pelo Tribunal do Júri de Belo Horizonte no fim da última semana, seguindo recomendação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), após o vazamento de conversas entre o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, acusado de cometer o crime, e sua esposa, a delegada da Polícia Civil Ana Paula Lamego Balbino.
As mensagens indicavam que Renê teria orientado a esposa a entregar uma arma errada à polícia, além de revelar que Ana Paula sabia do uso recorrente e irregular de sua arma pessoal pelo marido. Diante disso, a juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza decretou o sigilo sobre as provas juntadas ao processo, mantendo públicos apenas os demais atos, como decisões judiciais.
O advogado Tiago Lenoir, que representa a família da vítima, afirmou compreender a necessidade de preservar os elementos de prova para garantir a lisura da investigação. No entanto, destacou que o sigilo não deve se tornar um obstáculo à transparência e ao direito da família de acompanhar o andamento do caso, lembrando que a sociedade mineira aguarda respostas diante da gravidade do crime.
O crime
Na manhã de 11 de agosto, Laudemir trabalhava na coleta de lixo na rua Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte, quando ocorreu uma confusão no trânsito. Segundo testemunhas, Renê desceu de um carro BYD cinza, ameaçou a motorista do caminhão de coleta e atirou contra o gari, atingindo-o na região torácica. A vítima foi levada ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu. Após o crime, o empresário fugiu, mas foi localizado e preso pela Polícia Militar ainda no mesmo dia em uma academia de alto padrão no bairro Estoril.
Indiciamentos
Dezoito dias depois do assassinato, a Polícia Civil indiciou Renê por homicídio duplamente qualificado, ameaça e porte ilegal de arma. Já a delegada Ana Paula Lamego Balbino foi indiciada por ceder a arma utilizada no crime, com base no artigo 14 do Estatuto do Desarmamento. A corregedoria da Polícia Civil ainda avalia a situação funcional da delegada, que está afastada por licença médica.
Detalhes das investigações
As apurações revelaram que, após o crime, Renê fez buscas em seu celular sobre as consequências do homicídio e chegou a acompanhar notícias em uma rádio local. Câmeras de segurança registraram o suspeito cumprimentando colegas no trabalho em Betim e, posteriormente, voltando para casa, onde guardou a arma na mochila. Pouco tempo depois, foi visto passeando com os cães, aparentando tranquilidade.
Vítima
Laudemir era funcionário da empresa Localix Serviços Ambientais e foi descrito por colegas e familiares como um trabalhador dedicado e querido. Ele deixou esposa, uma filha de 15 anos e enteadas.
📸 Foto: Reprodução / Redes sociais
📰 Fonte: O Tempo