Apesar de uma leve queda de 0,43% em agosto, o preço da carne bovina no Brasil continua entre os mais altos e não deve registrar reduções significativas em breve. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o alimento acumula inflação de 22,17% nos últimos 12 meses, com cortes populares entre os mais afetados: acém (29,1%), peito (27,4%), músculo (24,6%) e paleta (24%).
Especialistas afirmam que o recuo recente foi pontual. A forte demanda internacional e o aumento do consumo interno mantêm a pressão sobre os preços. Além disso, a expectativa é de queda no abate de bois em 2026 e 2027, o que deve reduzir a oferta e favorecer novas altas. “Os preços devem dar uma subida no último trimestre, quando ocorre o auge do consumo no mercado brasileiro”, explica Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercados.
Outro fator de peso é a exportação. Mesmo após o “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, o setor conseguiu redirecionar a produção para outros mercados, como China, México, Rússia e Chile. O México, por exemplo, triplicou as compras de carne brasileira entre janeiro e julho em relação ao mesmo período do ano passado. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) estima que o volume exportado em 2025 será 12% maior que o de 2024.
Enquanto isso, a carne vermelha se torna cada vez menos acessível para a maior parte da população brasileira. “A carne subiu muito mais do que a média dos salários. Mesmo com pequenas quedas, o consumidor não sente diferença no bolso”, analisa André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Diante desse cenário, proteínas como frango e carne suína, mais baratas, tendem a ocupar maior espaço na mesa dos brasileiros.
Foto: Unsplash — Fonte: g1