“A cada 20 minutos recebemos um atestado”. O desabafo é do coordenador de enfermagem da Unidade de Internação do Hospital da Baleia, Daniel Paz. Quase 20% dos 1.154 funcionários estão com Covid e foram afastados.
O Baleia, no bairro Saudade, na região Leste da capital, é referência em ortopedia, oncologia e hemodiálise. E também realiza cirurgias e exames de alta complexidade. 95% dos atendimentos são pelo SUS e 88% dos pacientes vêm do interior do estado. Por ano, são mais de 230 mil atendimentos a pacientes, 500 mil procedimentos médicos, 91 mil internações, 50 mil sessões de hemodiálise, 300 mil exames, 11 mil cirurgias, 12 mil consultas pediátricas 30 mil sessões de quimio e radioterapia.
Dos mais de 200 leitos da unidade de saúde, 27 são destinados à Covid. E, nesta sexta (21), 51% dos leitos destinados a síndromes respiratórias, como Covid, Influenza e outras patologias, estão ocupados.
Segundo a direção, além da defasagem no quadro de pessoal, há dificuldade de contratação de profissionais para cobrir o quadro, especialmente para atender os 9 leitos de CTI que estão devem ser abertos na próxima segunda-feira (24). Atualmente, o hospital possui 19 leitos de CTI adulto e 10 para CTI pediátrico.
Quem não está doente precisa se desdobrar para dar conta da demanda. “A cada meia hora temos que recalcular a carga horária dos colaboradores. Sem contar que já recebemos atestados em cima da hora de troca de plantão, o que tem demandado esforço para não haver desfalque”, afirma Daniel Paz.
As áreas mais afetadas pela falta de funcionários são o bloco cirúrgico (14%), CTI adulto ( 18%); hotelaria(24%); Centro de Abastecimento Farmacêutico (25%); Unidade de Decisão Clínica (63%) e TI (78%).
“Estamos fazendo todos os esforços possíveis para seguir com o atendimento do Hospital da Baleia.” – finaliza Daniel Paz.
Também nesta sexta-feira, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindibel) anunciou que cerca de 1,4 mil profissionais de saúde foram afastados por suspeita ou confirmação de Covid-19 nos centros de saúde e UPAs de Belo Horizonte, nas duas últimas semanas.
Em entrevista coletiva, durante a tarde desta sexta, o secretário de Saúde da capital, Jackson Machado, afirmou que a dificuldade de contratação de profissionais de saúde limita a possibilidade de abertura de novos leitos para tratamento da Covid-19 em Belo Horizonte. E que a cidade não chegará aos 1,2 mil leitos disponibilizados na cidade em 2021.
Leia mais
Pico de infecções por Covid deve ser atingido até 1º de fevereiro em Minas, diz secretário de Saúde
BH não descarta cancelamento e restrição a eventos particulares no Carnaval, diz secretário de Saúde