quarta-feira, 1 de maio de 2024

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A taxa de homicídios no Brasil cai pelo terceiro ano consecutivo 

Por Dentro De Tudo:

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Em 2023, houve 39.500 mortes violentas, o menor número da série histórica. 

A preocupação com a insegurança é uma questão constante na agenda nacional do Brasil, assim como em muitos outros países. No entanto, há sinais encorajadores no horizonte.  

O mais recente relatório Monitor da Violência, elaborado pelo g1 em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), revelou que, no último ano, o país registrou uma redução significativa no número de homicídios, registrando uma queda de 4% em 2023 em relação ao ano anterior. 

De acordo com os dados coletados, foram registradas 39.500 mortes violentas em 2023, marcando a terceira queda consecutiva e o nível mais baixo da série histórica desde o início da pesquisa em 2007. Para colocar essa melhora em perspectiva, basta lembrar que 2017 registrou um pico de 59.100 mortes violentas. 

A redução na taxa de homicídios por 100.000 habitantes também é notável, de 20,3 em 2022 para 19,4 em 2023. No entanto, é importante ressaltar que esses números não incluem as mortes resultantes de violência policial, um aspecto que continua a ser objeto de debate e preocupação no país. 

Entre os dados regionais, apenas cinco estados registraram um aumento no número de mortes. Entre eles estão Amapá, Pernambuco, Minas Gerais, Maranhão e Rio de Janeiro. Este último, em particular, registrou surpreendentemente um aumento de 49,5% no número de homicídios, quebrando uma tendência de queda que prevaleceu nos últimos cinco anos. 

Em termos de distribuição de mortes, o Rio de Janeiro fica com a maior parte, com 35% dos casos adicionais registrados nesses estados. Em números concretos, o estado fluminense registrou 3.388 mortes violentas em 2023, em comparação com 2.977 em São Paulo, mostrando uma diferença significativa de 411 mortes. 

O papel do estado de São Paulo nesse quadro é digno de nota, mantendo a menor taxa de mortalidade por 100.000 habitantes do país, com 6,7 mortes em 2023, contra 7,1 no ano anterior. Essa conquista destaca os esforços contínuos para melhorar a segurança pública na região. 

O trabalho do Monitor da Violência tem sido fundamental para aumentar a transparência e a precisão dos dados de segurança pública no Brasil. De fato, seu impacto é tal que, em 2024, o governo federal decidiu começar a publicar dados de crimes violentos em um painel interativo, fornecendo informações detalhadas de todos os estados.  

Nessa linha, embora utilizem uma metodologia diferente, pois incluem, por exemplo, mortes suspeitas e descobertas de cadáveres e ossos, que podem não ser homicídios, apontam para um cenário semelhante e uma redução de 4% nas mortes violentas em 2023. 

“O Monitor da Violência teve e ainda tem um papel estratégico na discussão de diversos temas sensíveis da agenda de segurança pública, como dados sobre a redução e esclarecimento de homicídios, mortes e vitimização policial, sistema penitenciário, violência contra a mulher, entre outros.  

Afinal, a experiência internacional mostra que é por meio da intensa divulgação de informações confiáveis e qualificadas que se provocam políticas públicas e se mobilizam gestores”, afirmam Renato Sérgio de Lima e Samira Bueno, diretores do FBSP. 

Embora os números mostrem uma melhora, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos de segurança. Como aponta um estudo das Nações Unidas publicado em 2023, o país ainda tem uma das maiores taxas de homicídios do mundo.  

Em 2021, o país liderou a lista das 10 nações com o maior número de homicídios, seguido pela Nigéria e pela Índia, ressaltando a necessidade contínua de abordar esse problema de forma abrangente. 

À medida que o Brasil avança em sua luta contra a violência e a insegurança, é crucial continuar a usar dados sólidos e análises precisas para orientar políticas e ações futuras.  

A colaboração entre instituições acadêmicas, organizações da sociedade civil e o governo será fundamental para a construção de um país mais seguro e mais justo para todos os seus cidadãos. 

Outros delitos 

Em contraste com a tendência de queda em certos crimes, como homicídios, no ano passado houve um aumento preocupante nos roubos e furtos de carros em vários estados brasileiros, incluindo Pernambuco.  

De acordo com dados fornecidos pela Secretaria de Defesa Social (SDS), 12.509 casos de roubo de veículos foram registrados em 2023 nesse estado, o que representa um aumento de 14,4% em comparação com o ano anterior, quando foram registrados 10.926 casos. Esse aumento representa um total de 1.583 roubos adicionais na série histórica de dois anos. 

Uma análise detalhada revela que os roubos de veículos sem violência em abordagens criminosas também tiveram um aumento significativo em 2023. Houve 7.879 casos desse tipo de crime, um aumento de 12,6% em comparação com o mesmo período em 2022, quando foram registrados 6.992 casos. 

Além disso, os crimes contra o transporte público apresentaram um aumento considerável no ano passado, com um total de 595 casos registrados. Isso representa um aumento de 31% em comparação com o mesmo período de 2022, quando foram registrados 454 casos. 

Outro aspecto preocupante é o aumento do roubo de cargas, que cresceu 12% durante 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram registrados 391 casos de roubo de carga, indicando uma tendência de aumento nesse tipo de crime, que pode ter um impacto significativo na economia e na segurança do país. 

Apesar desses aumentos específicos, no geral, os Crimes Violentos contra a Propriedade sofreram uma redução de 10,6% em 2023 em comparação com o ano anterior. No entanto, isso não diminui a preocupação com o aumento de roubos e furtos de veículos, que continuam a ser crimes predominantes no país. 

Em São Paulo, esses atos criminosos são um problema constante, de acordo com dados fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). Durante o ano passado, foram registrados 81.813 casos de roubo e furto de carros de passeio e utilitários, o que representa um aumento de 15,3% em relação a 2022.  

Embora a SSP não divulgue os modelos de carros mais afetados, a seguradora e empresa de rastreamento Ituran Brasil realizou sua própria pesquisa, observando que veículos como o Fiat Argo, Ford Ka e Hyundai HB20 estão entre os mais roubados. 

O principal objetivo desses crimes geralmente é alimentar um mercado ilegal de peças de carros usados. Portanto, é provável que, se seu veículo for roubado, ele acabe sendo desmontado ou usado como meio de fuga antes de ser abandonado.  

Essa situação ressalta a importância de tomar medidas preventivas, como a instalação de sistemas de segurança adicionais ou a contratação de um seguro de carro para cobrir roubos e danos. 

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