Brasil vive ‘uma epidemia de abusos’, como avaliou Luciana Temer em entrevista ao podcast O Assunto — um número que pode ser ainda maior, já que apenas 11% dos casos são denunciados. O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil é neste domingo (18). O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil é neste domingo (18). No Brasil, são mais de 115 mil vítimas por ano, segundo o Atlas da Violência 2025, divulgado pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O país vive “uma epidemia de abusos”, como avaliou Luciana Temer em conversa com Natuza Nery no podcast O Assunto.
E este número pode ser ainda maior. Segundo Luciana, apenas 11% dos casos são denunciados.
Mas como identificar que uma criança é vítima de abuso? Como explica Luciana, a melhor forma é abrir espaço para o diálogo. Ouça no episódio a partir do minuto 31:45.
“Essa é uma pergunta que sempre fazem, e você encontra na literatura, na psicologia, várias informações do tipo ‘ah, a criança muda de comportamento, ela fica mais agressiva, ela fica mais apática, ou ela come mais, come menos’, várias sugestões de que algo pode estar dando errado.”
“Mas eu tenho dito, para você não enlouquecer só porque seu filho mudou de comportamento, a melhor coisa é você abrir espaços de diálogo. […] A gente acredita que se há alguma dúvida, a melhor forma é abrir espaço para diálogo e isto é possível, mesmo para a criança se dar conta de que está acontecendo alguma coisa.”
Diretora-presidente do Instituto Liberta, que atua no enfrentamento da violência sexual contra menores, Luciana sugere que responsáveis consultem materiais, como livros e filmes, que ajudam a conversar com os filhos.
“Você não vai falar nem sobre violência nem sobre sexo, mas você vai ler com uma historinha e vai dar a percepção de que tem alguma coisa errada acontecendo, e aí [a criança] vai poder te contar.”
E qual a melhor maneira de fazer uma denúncia em caso de abuso? Luciana aponta dois caminhos:
Delegacia de polícia
Diques 100
De acordo com Luciana, o melhor caminho é a denúncia em delegacia de polícia. Ela aconselha, preferencialmente, a procurar delegacia de defesa da mulher ou da criança e do adolescente, mas que, a rigor, famílias e responsáveis podem procurar qualquer delegacia.
“Precisa ter prova? Não, não precisa ter prova, basta uma suspeita, às vezes a própria palavra da vítima e é suficiente para você fazer essa denúncia.”
Caso a pessoa saiba de algum tipo de violência, mas não queira se identificar, é possível ligar para o Disque 100, o canal do governo federal que permite denúncias anônimas. O canal está disponível 24 horas por dia e permite a denúncia de crimes contra os direitos humanos.
Ela explica que a denúncia via Disque 100 não tem o mesmo efeito imediato que uma denúncia em delegacia de polícia. “Mas a partir desta denúncia, o conselho tutelar vai ser acionado, a secretaria de assistência social vai ser acionada e esta criança não vai ficar totalmente desassistida”, afirma.
“A única coisa que a gente não pode fazer é se omitir diante de um caso de violência contra crianças e adolescentes.”
Ouça a íntegra do episódio.
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O Assunto é o podcast diário produzido pelo g1, disponível em todas as plataformas de áudio e no YouTube. Desde a estreia, em agosto de 2019, o podcast O Assunto soma mais de 161 milhões de downloads em todas as plataformas de áudio. No YouTube, o podcast diário do g1 soma mais de 12,4 milhões de visualizações.
O relato de uma vítima de abuso