O acúmulo de comportamentos de risco relacionados ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) é 21% maior entre adultos jovens, de 18 a 34 anos, do que entre idosos.
Essa é uma das conclusões de uma pesquisa de mestrado realizada na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e publicada recentemente na revista científica Preventing Chronic Disease, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
O estudo também concluiu que o acúmulo de fatores de risco é 11% maior entre homens do que entre mulheres. Além disso, é 15% maior entre pessoas com até oito anos de escolaridade do que no grupo com 12 anos ou mais de estudo.
“Na população como um todo existe essa coexistência de comportamentos de risco, cerca de 40% dos indivíduos apresentam dois ou mais comportamentos de risco. Mas a aglomeração de fatores de risco está mais presente em jovens, em pessoas do sexo masculino e com menos escolaridade”, afirmou a nutricionista e doutoranda em saúde pública Thaís Caldeira, responsável pela pesquisa.
O estudo usou dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, de 2009 a 2019, que entrevistou 567.336 pessoas.
Foram analisados cinco fatores comportamentais de risco:
🍎 consumo infrequente de frutas e hortaliças (menos de cinco dias por semana);
🥃 consumo regular de bebidas açucaradas (em cinco ou mais dias por semana);
🚬 tabagismo;
🍹 consumo abusivo de álcool (quatro ou mais doses em uma única ocasião nos últimos 30 dias para mulheres e cinco ou mais doses para homens);
🤸♀️ prática de atividade física insuficiente no lazer (menos de 150 minutos por semana).
“As doenças crônicas não transmissíveis são comuns com o envelhecimento, mas, com mudanças dos hábitos de vida, como consumo de bebida alcoólica, má alimentação e sedentarismo, cada vez mais pessoas jovens estão desenvolvendo essas doenças”, disse Thaís.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças crônicas não transmissíveis foram responsáveis por cerca de 70% das mortes ocorridas globalmente em 2019. No Brasil, elas causaram 41,8% dos óbitos prematuros, em pessoas de 30 a 69 anos de idade.
Entre as principais DCNT, estão doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, doenças respiratórias crônicas e obesidade.
Para a pesquisadora Thaís Caldeira, o melhor remédio é a prevenção. Diminuir ou eliminar comportamentos de risco é a maneira mais eficaz de evitar o surgimento de doenças crônicas.
“Se uma pessoa de 18 desenvolve uma doença crônica, ela vai ter que viver com isso para o resto da vida. A prática de atividades físicas, o consumo saudável de alimentos, não fumar e não beber de forma abusiva vão trazer benefícios para quem já tem a doença, além de ser a melhor forma de prevenção”, afirmou.
Fonte: Globo Minas. Foto: PA MEDIA/BBC