A Associação Médica Brasileira (AMB) afirmou nesta segunda-feira, 12, que ainda não existem dados científicos que apontem para a necessidade de revacinação contra a covid-19 no Brasil. O foco, disse a AMB em boletim extraordinário, deve ser no avanço da imunização em massa no País. Conforme o documento, todos os quatro imunizantes administrados no Brasil — Coronavac, Oxford/AstraZeneca, Pfizer/BioNTech e Janssen — apresentaram elevada eficácia vacinal nas pesquisas clínicas e evitaram as formas graves e óbitos pela covid.
“Os dados atualmente disponíveis demonstram que as quatro vacinas apresentam efetividade para evitar a covid-19 grave e óbito entre 80 e 95%, resultado muito bom para proteção das pessoas, diminuindo a sobrecarga ao sistema de saúde público e privado”, diz o boletim. “Sabe-se que certas condições clínicas, tais como senilidade, imunodeficiências, receptores de transplantes, doença renal crônica, linfopenia, tratamento com drogas imunossupressoras e/ou altas doses de corticoides, câncer e seu tratamento implicam em menor efetividade de todas as vacinas, não somente as para covid-19.”
O espalhamento de cepas mais transmissíveis do coronavírus, como a variante Delta (identificada originalmente na Índia), têm feito governos e farmacêuticas discutirem a necessidade de um reforço vacinal. Segundo a AMB, porém, ainda não há dados que apontem para a necessidade de revacinação.
A conclusão do boletim é de que só a vacinação em massa e veloz, associada à manutenção das medidas não farmacológicas (como distanciamento social e uso de máscaras), permitirá que o País possa voltar a um cenário próximo à vida pré-pandemia. “Por isso, é indispensável que todo cidadão receba sua vacina, independentemente de qual das quatro atualmente disponíveis, assim que for chamado para ser imunizado”, destaca. “Enquanto a vacinação completa da maioria da população-alvo não acontece, a vacinação de reforço (terceira dose) de apenas alguns brasileiros não é recomendada, até porque vários estudos seguem em andamento para elucidar esta pergunta, que neste momento ainda não têm resposta.”
Nesta segunda-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que os países ricos não deveriam pedir doses de reforço para suas populações vacinadas enquanto outros países ainda não receberam imunizantes contra a covid-19. O órgão ressaltou ainda que progredir na cobertura vacinal é especialmente importante por causa do avanço da variante Delta.