O novo aumento nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, anunciado na quinta-feira (10) pela Petrobras, deve provocar um efeito cascata que atinge, no curto ou no médio prazo, todos os setores da economia. De acordo com a Petrobras, o preço médio da gasolina passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro na refinaria (+18,8%). No caso do diesel, o preço médio do litro passa de R$ 3,61 para R$ 4,51 (+25%). Para o GLP (gás de cozinha), o reajuste foi de 16,1%.
Como explica o professor de Economia do Ibmec, Felipe Leroy, “o aumento dos combustíveis mexe com toda a cadeia produtiva mundial, não só do Brasil. Vai desde o combustível utilizado para produzir energia nas termelétricas até ao custo de produção dos pneus dos carros, passando pelos produtos agrícolas, ou seja, não tem como fugir”, disse. Segundo ele, “é um modelo caótico. A gente é refém de um setor monopolista e de um produto que não tem substituto. Então o consumidor acaba pagando o preço, pois não tem alternativa”.
O especialista explica que, do ponto de vista do consumidor, o efeito será imediato em praticamente todos os produtos; já do ponto de vista estatístico da economia, o aumento dos preços agrava a situação inflacionária e segura a retomada do crescimento. “Teremos uma inflação exagerada, acima do teto da meta, que é de 5%, e também um crescimento pífio, mesmo com o fim da pandemia”, avalia.
Efeitos da guerra
Em comunicado oficial, a Petrobras afirmou que o reajuste foi necessário devido à redução na oferta global do petróleo, em razão da guerra entre Rússia e Ucrânia, com consequente aumento no preço do barril no mercado internacional.