Um grupo de pesquisadores identificou o sildenafil, o princípio ativo usado no tratamento da disfunção erétil e hipertensão pulmonar sob as marcas Viagra e Revatio, como um medicamento potencial para prevenir e tratar o Alzheimer.
A revista “Nature Aging” publicou nesta segunda-feira, 6, as conclusões de um estudo em que as histórias de mais de sete milhões de pacientes foram analisadas para determinar que o sildenafil está associado a uma redução de 69% na incidência do Alzheimer.
Os autores do trabalho, do Instituto de Medicina Genômica da Clínica Cleveland, nos Estados Unidos, enfatizam a necessidade da realização de ensaios clínicos para embasar as conclusões desta análise computacional e para verificar a eficácia do medicamento em pacientes com a doença.
“Este estudo é um exemplo de uma área de pesquisa em expansão dentro da medicina de precisão, onde ‘big data’ é a chave para conectar os pontos entre os medicamentos existentes e doenças complexas como Alzheimer”, disse Jean Yuan, pesquisador do National Institute on Aging (NIA), que financiou a pesquisa.
Os cientistas descobriram que o acúmulo de proteínas beta-amiloide e tau leva à formação de aglomerados e placas anormais no cérebro, dois dos principais marcadores do desenvolvimento da doença de Alzheimer. Até agora, nenhum dos numerosos ensaios clínicos realizados na última década com moléculas que prometiam neutralizar esses processos foram bem-sucedidos.
“Estudos recentes indicam que a interação entre amilóide (proteínas) e tau contribui mais para o Alzheimer do que qualquer um dos dois isoladamente”, disse Feixiong Cheng, principal autor do artigo publicado na “Nature Aging”.
Diante dessa possibilidade, sua equipe pesquisou entre mais de 1.600 medicamentos já aprovados pelas autoridades de saúde dos Estados Unidos para ver aqueles que pudessem ter efeitos nas duas proteínas ao mesmo tempo. “O sildenafil, que demonstrou melhorar significativamente a cognição e a memória em modelos pré-clínicos, foi apresentado como o melhor candidato”, explicou Cheng.
A análise subsequente determinou que os pacientes que tomavam sildenafil tinham um risco 55% menor de desenvolver a doença em seis anos em comparação com aqueles que tomavam losartan – um candidato ao tratamento de Alzheimer – e 65% menor do que aqueles que tomavam metformina.
“É importante ressaltar que determinamos que o uso de sildefanil reduziu a probabilidade de desenvolver Alzheimer em indivíduos com doença arterial coronariana, hipertensão e diabete tipo 2, todos os quais são comorbidades significativamente associadas ao risco da doença”, disse Cheng.