Uma média alarmante tem chamado a atenção das equipes de saúde e assistência social em Belo Horizonte: ao menos um idoso por semana é abandonado em leitos da rede pública após receber alta médica. Mesmo com condições de voltar para casa, esses pacientes não são procurados por familiares e acabam permanecendo nos hospitais por tempo indeterminado. Atualmente, 16 idosos ainda vivem em uma das principais unidades hospitalares da capital, sendo que alguns estão internados há mais de um ano e meio.
O cenário reflete um agravamento silencioso no sistema de acolhimento a pessoas idosas, cujos vínculos familiares estão enfraquecidos ou inexistem. O abandono ocorre, mesmo em casos de pacientes com situação financeira estável ou familiares residentes na cidade. A rede hospitalar, já pressionada por demandas regulares, transforma leitos destinados a cuidados intensivos em espaços permanentes de moradia indesejada para esses idosos.
Em uma das unidades, o número de pacientes que permanecem mesmo após a alta já motivou o uso do termo “leito social” para descrever a situação. Entre os casos identificados, há registros de internações que deveriam durar dois dias, mas que se prolongam por meses. Em alguns casos, a internação contínua compromete a saúde mental dos pacientes, que relatam angústia, solidão e sentimentos de abandono.
Especialistas da área de assistência social apontam que o número de idosos com alta médica, mas que ainda demandam cuidados contínuos, supera a capacidade da rede de acolhimento da capital. Atualmente, Belo Horizonte conta com cerca de 900 vagas em instituições de longa permanência para idosos, número insuficiente para atender à crescente demanda de uma população que envelhece em ritmo acelerado.
Foto: Fred Magno / O TEMPO
Fonte: O TEMPO
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