O julgamento sobre a responsabilidade da mineradora BHP Billiton pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, chegou ao fim na quinta-feira (13) no Reino Unido. A empresa entregou seus argumentos finais, e a sentença deverá ser proferida entre junho e julho deste ano. A ação foi movida por cidades e comunidades afetadas pela tragédia de 2015, que resultou na morte de 19 pessoas e a liberação de milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos no distrito de Bento Rodrigues.
Os advogados responsáveis pela ação, representando os atingidos, pedem indenizações que somam cerca de R$ 260 bilhões. O julgamento ocorre no Reino Unido, já que a BHP, uma das controladoras da Samarco, tem sede lá. A mineradora não é a única ré, mas a ação concentra-se sobre sua responsabilidade, enquanto a Vale, outra controladora da Samarco, não faz parte da ação.
Em coletiva à imprensa, o advogado britânico Tom Goodhead, que representa os atingidos, criticou a postura da BHP, considerando-a “o maior escândalo corporativo da história”. Segundo Goodhead, a empresa tem minimizado sua responsabilidade, e a postura da mineradora é a de pagar menos do que deveria, após um acordo fechado no Brasil. O advogado, acompanhado do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, reforçou a robustez das provas que responsabilizam a BHP pela tragédia.
O prefeito de Mariana, Juliano Duarte, também se manifestou durante a coletiva, explicando a decisão de não aderir ao acordo feito no Brasil. Ele destacou que o município luta por uma reparação mais justa, que permita diversificar a economia local, historicamente dependente da mineração. A proposta de acordo no Brasil, que pagaria R$ 1,2 bilhão a Mariana, foi rejeitada pelo município, que espera um valor muito maior com a sentença no Reino Unido.
Uma das representantes dos atingidos, que perdeu a filha no desastre, também esteve presente na coletiva e expressou alívio com o fim do julgamento. Para ela, a perspectiva de Justiça traz conforto, especialmente depois de anos de luta.
Por outro lado, a BHP se posicionou oficialmente, reforçando sua solidariedade às vítimas, mas reafirmando sua defesa de que agiu com responsabilidade desde o início do ocorrido. A empresa argumenta que os esforços de reparação realizados no Brasil são os mais eficazes e que a compensação de R$ 170 bilhões fechada no país é o caminho mais eficiente para garantir justiça a longo prazo.
Fonte: O TEMPO
Crédito da foto: Alex de Jesus