fbpx

“As próximas semanas não serão fáceis”, diz Margareth Dalcolmo sobre pandemia de Covid-19 no Brasil

Por Dentro De Tudo:

Compartilhe

“As próximas semanas não serão fáceis”. O alerta é da especialista em coronavírus, a médica, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e integrante do comitê de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margareth Dalcolmo.

Boletim recente da fundação indica um aumento no total de casos graves de síndromes respiratórias no Brasil causados pela Covid-19.

Para Dalcolmo, o momento atual da pandemia de Covid-19 pede a conscientização sobre mais rigor com as medidas não farmacológicas para combater o Sars-CoV-2, como o uso de máscaras de proteção, sobretudo em ambientes fechados, e a higienização das mãos. 

“Não precisaria nem que nós fizéssemos os alertas que nós vamos continuar fazendo diariamente: é preciso usar máscaras em ambientes fechados”, diz a médica. 

Margareth também cita que é preciso avançar com a vacinação para conter o vírus, especialmente de crianças. “É um apelo que eu, pessoalmente, fiz quando estive em Pernambuco três meses atrás e continuarei fazendo: é muito importante que as crianças acima de cinco anos sejam vacinadas com duas doses da vacina para a Covid-19”, afirmou. 

Aumento de casos no Brasil
Não há dúvidas de que há um aumento epidemiológico de casos da Covid-19 a partir do aparecimento das novas variantes e subvariantes da cepa ômicron no mundo e inclusive no Brasil. Não é surpreendente que isso esteja ocorrendo na medida em que nós sabemos que essas cepas têm o que nós chamamos de escape vacinal. Ou seja, elas contaminam pessoas vacinadas mesmo com três, quatro doses de vacina.

A característica clínica dos casos que nós temos observado é de menor gravidade, exatamente porque as vacinas protegem contra gravidade de doença e evitam hospitalizações e, evidentemente, os procedimentos de doença grave. Então, não há dúvida de que os casos são menos graves, porém, a taxa de transmissão é altíssima. Enquanto que a cepa original da Covid-19 tinha um R (que é aquela taxa de transmissibilidade) de aproximadamente 2,5, 3,0, essas cepas têm R de 10. Ou seja, 100 pessoas contaminam 1000 pessoas. Então, isso faz com que a transmissão da comunidade, considerando que muita gente, digamos, relaxou com as medidas não farmacológicas, sobretudo o uso de máscaras em ambiente fechado – o que eu sou particularmente contra. Eu sempre disse que era para manter o uso de máscara enquanto não houvesse um controle epidêmico mais efetivo e isso foi relaxado muito. 

Eu moro no Rio de Janeiro, aqui tem lugares fechados onde está todo mundo sem máscara. Cada festa, cada recepção e cada manifestação que há gera muitos casos. Isto é, o que está acontecendo é o que nós temos visto já um relativo aumento de casos hospitalizados e esses casos estão relacionados a pessoas ou não vacinadas – infelizmente ainda existe gente que não está vacinada, o que é uma tristeza, uma coisa de uma negação absolutamente difícil de nós aceitarmos, considerando a eficácia muito já comprovada das vacinadas, sobretudo no Brasil. 

A tragédia no Brasil teria sido muito maior do que já foi se não tivesse tido uma cobertura vacinal tão alta quanto a despeito de todas as nossas adversidades, nós conseguimos alcançar: de 80% da população vacinada pelo menos com duas doses. 

Neste momento, eu considero absolutamente crucial que as pessoas retomem as medidas não farmacológicas, isto é, lavagem das mãos, considerando que essa cepa contamina também pelo toque, pelos objetos contaminados com aerossol, perdigotos, esse tipo de contaminação e em ambientes fechados usar máscara o tempo todo, máscara de boa qualidade.

Fonte: FolhaPe –  Foto: Mauro Pimentel/AFP

Encontre uma reportagem