O grande aumento de casos de obesidade, do consumo de álcool e da automedicação durante a pandemia de Covid-19 preocupada os especialistas.
Em entrevista à Agência Efe, O presidente do Instituto Brasileiro do Fígado (IBRAFIG), Paulo Bitencour, afirmou que as hepatites virais, alcóolicas e medicamentosas, além da esteatose (gordura no fígado), as principais doenças que acometem este órgão do sistema digestivo, evoluem sem apresentar sintomas, e podem até evoluir para cirrose e câncer.
De acordo com a coordenadora do departamento de doenças do fígado da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Claudia Oliveira, a esteatose atinge entre 20% e 30% da população mundial e brasileira, e tem como principais fatores de risco para gordura no fígado aumento de peso, diabetes, colesterol e triglicerídios altos e sedentarismo. Por esse motivo, o aumento do peso é altamente preocupante no Brasil, onde 60% da população tem sobrepeso, e a obesidade já afeta 20% dela.
“A gordura no fígado não é uma doença tão benigna assim, ela pode evoluir para formas mais graves, incluindo cirrose e câncer de fígado, e o acúmulo de gordura pode ocorrer em semanas ou meses, mas a fibrose e a inflamação demoram de sete a 10 anos”, estimou a especialista.
A médica lembrou também que, no início da pandemia, consultas médicas foram suspensas devido ao risco de contrair a covid-19, o que foi mais um agravante para o aumento de doenças hepáticas, devido à falta de acompanhamento e também de diagnóstico.