A Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI) divulgou uma atualização nas diretrizes nacionais para diagnóstico e tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). O documento, publicado em setembro de 2025, substitui a versão anterior de 2021 e incorpora avanços científicos dos últimos quatro anos, oferecendo orientações mais precisas para profissionais de saúde que atuam com crianças e adolescentes com suspeita ou confirmação do transtorno.
As novas diretrizes reforçam que o diagnóstico do autismo é clínico, baseado na observação do comportamento, histórico familiar e entrevistas com pais e cuidadores. Ferramentas como M-CHAT, CAST e SCQ continuam sendo utilizadas apenas como instrumentos de triagem, e não como meios para diagnóstico definitivo.
A SBNI também destaca a importância de avaliar o nível de suporte necessário a cada paciente, conforme o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-5) — variando entre o nível 1 (pouco suporte) e o nível 3 (suporte total). Crianças muito pequenas ou recém-diagnosticadas não devem ser classificadas prematuramente, já que a evolução clínica exige tempo e acompanhamento contínuo.
Alerta contra terapias sem comprovação científica
A entidade desaconselha o uso de métodos sem respaldo científico, como suplementos de vitaminas e ômega 3, dietas sem glúten (sem diagnóstico de intolerância), ozonioterapia, células-tronco, transplante fecal, óleos essenciais e florais.
Em relação ao canabidiol, a SBNI aponta que os estudos disponíveis ainda possuem baixa qualidade metodológica e resultados inconsistentes, o que não permite recomendação clínica segura.
Abordagem integral e contexto familiar
O documento orienta que profissionais considerem o contexto social, emocional e econômico da criança, uma vez que vulnerabilidades nessas áreas podem influenciar o desenvolvimento e até levar a diagnósticos equivocados.
As diretrizes reforçam a necessidade de abordagens multidisciplinares, com envolvimento de neurologistas, pediatras, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos, além do apoio familiar.
📄 Fonte: O Tempo / Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil
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