sábado, 20 de abril de 2024

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Autor de injúria racial e ameaças de estupro e morte volta a atacar em JF

Por Dentro De Tudo:

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“Macaca, preta, suja, usa drogas e só serve para sexo”. Estes foram alguns ataques com os quais a estudante Graziele Cláudia Matias Campos Batista, de 24 anos, foi surpreendida nas redes sociais. A reportagem conversou com a vítima nesta terça-feira (18/1).
 
O autor das agressões é o mesmo que abordou a jovem, em mensagem privada pelo Instagram, no fim de outubro do ano passado. Na ocasião, usando um perfil falso com o nome de Arthur Rodrigues, ele cometeu os crimes de homofobia, injúria racial e fez ameaças de morte e estupro contra várias vítimas.
 
À época, em resposta protocolar, a Polícia Civil disse que foi instaurado procedimento para apuração dos fatos. Mais de dois meses após os crimes – que foram registrados por meio de prints (capturas de tela) e vídeos –, o perfil falso Arthur Rodrigues ressurgiu com mais ataques na última quarta-feira (12/1).
 
Na função Stories da rede social, o agressor publicou uma montagem com duas fotos. De um lado, ele colocou a imagem de Graziele, chamando-a de “gorda” e “preta fedida”.

Entre outras ofensas, ele escreveu: “Lugar de preto é no tronco e levando chicotada. Volta para a África.” Traçando um comparativo, o agressor publicou a foto de uma mulher branca com os seguintes dizeres: “Branca”, “mora em castelo”, “tem empregados”, “limpa e com saúde”, entre outros.

 
À reportagem, Graziele revela que a experiência desta vez foi ainda mais traumática. “Um amigo me contou que o ‘Arthur’ havia voltado com um novo perfil no Instagram. Aí, ele me mandou o print com a minha foto. Aí eu entrei rápido no Instagram para entender o que estava acontecendo e já tinha um monte de gente me mandando mensagens, perguntando se eu estava bem. E eu não estava entendendo o que estava acontecendo”, inicia.
 
Gaziele conta, então, que resolveu entrar no novo falso perfil para ver as publicações. “Mas não deu certo. Parece que ele me bloqueou. Porém, muitas pessoas começaram a me seguir, contando o que ele estava fazendo ao usar a minha imagem. Também recebi muitas mensagens de apoio. Em seguida, fiz uma publicação nos Stories mostrando a publicação criminosa direcionada a mim e muita gente começou a repostar”, explica.
 

Um misto de sentimentos

Ao ser atacada pela segunda vez, a estudante disse que, novamente, teve um “misto de sentimentos”. “No início, fiquei muito assustada, pois parecia uma perseguição. Fiquei triste demais e em choque por ler aquilo”, desabafa Graziele, contando que o episódio ativou alguns gatilhos de traumas adormecidos.
 
Na adolescência, até meus 16 anos, tive muitos problemas com minha imagem corporal e meu peso. Sempre me cobrei demais em relação à estética. Aos poucos, fui me aceitando e lidando melhor com isso. Esses ataques mexeram comigo. Eu vou à academia todos os dias. Desde que isso aconteceu, não consegui voltar”, lamenta Graziele, reforçando que tudo o que ela quer neste momento é que a justiça seja feita.
 

Delegada e presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher assume o caso

A Polícia Civil já abriu inquérito, e as diligências tiveram início nessa segunda-feira (17/1) com a oitiva da vítima. “Já solicitei à Justiça uma medida protetiva devido à situação de vulnerabilidade na qual ela se encontra”, conta a delegada do caso, Ione Barbosa.
 
“É importante destacar que o crime de injúria racial foi equiparado ao racismo, tornando-se inafiançável e imprescritível, conforme o novo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF). Temos aqui uma situação de extrema gravidade e tenho outras vítimas no radar que ainda serão ouvidas”, conta a delegada, que também atua como presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Juiz de Fora e da ONG Adcuidar.

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