Uma bebê de um ano e 11 meses morreu com leishmaniose, em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, em Minas Gerais. Segundo a prefeitura, a criança teve o atendimento médico negado por duas vezes para fazer hemotransfusão no Hospital Regional Antônio Dias (HRAD), da rede estadual.
A criança faleceu em 7 de julho, mas somente nesta semana o fato foi divulgado. A menina natural de Rio Pardo de Minas, no Norte do Estado, deu entrada na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Patos de Minas em 29 de junho. Na ocasião, a mãe relatou febre acompanhada de dor abdominal na filha.
A equipe médica ainda verificou manchas pelo corpo da criança. Conforme a Secretaria, exames complementares realizados na data da internação constataram anemia, leucopenia e plaquetopenia.
Atendimento negado
A prefeitura de Patos de Minas alegou não ter estrutura médica para tratar pacientes com quadros graves de leishmaniose. Por isso, tentou por duas vezes levar a bebê ao Hospital Regional Antônio Dias (HRAD), que integra a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Diante das negativas, a gestão municipal registrou boletim de ocorrência.
“Havendo a necessidade urgente de hemotransfusão, a UPA solicitou ainda na quinta-feira, via SUS-Fácil e também por contato telefônico com a central de regulação, a transferência da criança para o HRAD (rede estadual), inclusive com vaga zero, ou seja, vaga de urgência”, diz a nota.
“Sob a alegação de não ter pediatra, negaram e disseram que a receberiam no dia seguinte. Liberada então a transferência na sexta-feira, a criança, acompanhada da médica da UPA, foi levada até a porta do HRAD, contudo não foi recebida. Um boletim de ocorrência foi registrado por parte da prefeitura, visto a gravidade da situação e o risco iminente de morte da paciente”.
Somente em 2 de julho a criança conseguiu vaga em um hospital estadual. Posteriormente, foi transferida para uma unidade particular. Contudo, em razão da gravidade do quadro de leishmaniose, ela não resistiu e faleceu em 7 de julho.
Prefeitura lamenta morte
A Prefeitura de Patos de Minas disse que fez o possível para salvar a menina e lamentou o óbito. “Toda a assistência necessária e possível de ser realizada dentro de uma unidade de pronto atendimento (que não é um hospital) foi oferecida à Lucília. O município lamenta a morte da paciente e, como já manifestado diretamente à mãe dela, solidariza-se com toda a família”.
A reportagem do Estado de Minas aguarda o posicionamento da Fhemig sobre o episódio.
O que é a leishmaniose?
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a leishmaniose é transmitida ao homem por insetos vetores ou transmissores, conhecidos como flebotomíneos.
A transmissão ocorre quando uma fêmea infectada de flebotomíneo passa o protozoário a uma vítima sem a infecção, enquanto se alimenta de seu sangue.
A leishmaniose tegumentar causa lesões na pele e pode atacar as mucosas do nariz e da boca. Já a leishmaniose visceral afeta órgãos internos, sobretudo fígado, baço, gânglios linfáticos e medula óssea.
Para todas as formas de leishmaniose, o tratamento de primeira linha no Brasil se faz por meio do antimoniato de meglumina (Glucantime). Outras drogas, utilizadas como segunda escolha, são a anfotericina B e a pentamidina. Todos os medicamentos têm toxicidade considerável.
Prevenção
A Fiocruz ressalta que não há vacina contra as leishmanioses humanas. As medidas mais utilizadas para o combate da enfermidade se baseiam no controle de vetores e dos reservatórios, além de proteção individual, diagnóstico precoce e tratamento dos doentes.