Um relatório da Polícia Federal (PF) aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu e movimentou mais de R$ 30,5 milhões em apenas um ano, levantando suspeitas de lavagem de dinheiro e outras irregularidades financeiras. O documento, elaborado a partir de informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) com dados fornecidos pelo Banco do Brasil, destaca ainda o grande volume de operações em dinheiro físico realizadas pelo ex-presidente.
De acordo com a apuração, entre janeiro e julho de 2025, Bolsonaro efetuou 40 saques em caixas eletrônicos e guichês bancários, totalizando R$ 130,8 mil. A PF considera que a frequência e o volume dessas movimentações podem indicar tentativas de evitar mecanismos de controle e dificultar o rastreamento dos recursos.
O relatório detalha que, de março de 2023 a fevereiro de 2024, Bolsonaro recebeu R$ 30,57 milhões em suas contas, dos quais R$ 19,2 milhões vieram de mais de um milhão de transações via Pix e outros R$ 8,7 milhões de resgates de CDBs. No mesmo período, praticamente o mesmo valor foi retirado, incluindo aplicações financeiras, transferências, pagamentos de títulos e despesas pessoais.
Os principais beneficiários de valores pagos por Bolsonaro foram escritórios de advocacia, empresas de engenharia e arquitetura, além de transferências para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e para o filho Jair Renan, vereador em Balneário Camboriú (SC). Há também registros de transferências para os filhos Carlos e Eduardo Bolsonaro, além do ex-secretário de comunicação Fábio Wajngarten.
A investigação ocorre no contexto do inquérito que apura a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. A PF afirma que houve repasses “reiterados e fracionados” do ex-presidente para o filho, o que reforça as suspeitas de ocultação de recursos.
O ex-presidente, que está em prisão domiciliar por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi indiciado junto com Eduardo Bolsonaro por coação e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A defesa de Bolsonaro não se manifestou sobre as acusações.
Foto: Marcos Corrêa/PR
Fonte: O Tempo