Bombas lançadas por caça da FAB causaram pânico em cidade mineira e resultaram em indenização milionária

Por Dentro De Tudo:

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O dia 2 de abril de 1987 ficou marcado na história de Formiga, cidade do Centro-Oeste de Minas Gerais. Durante a tarde, duas bombas despencaram do céu e caíram em áreas urbanas, lançadas acidentalmente por um caça da Força Aérea Brasileira (FAB) durante um treinamento. Apesar do susto e do pânico generalizado entre os moradores, ninguém ficou ferido. Meses depois, a Aeronáutica indenizou o município com o equivalente a R$ 5 milhões.

Na época, dois caças F-5, da Base Aérea de Santa Cruz (RJ), realizavam uma simulação de ataque a uma ponte ferroviária no bairro Vargem Grande. Por erro operacional, os artefatos — de cerca de 230 kg cada — foram liberados da aeronave. Um deles atingiu o muro do Parque de Exposições Luiz Rodrigues Belo Primo; o outro caiu a poucos metros de um galpão onde funcionava uma escola com centenas de crianças.

Os projéteis não continham explosivos, apenas concreto, e eram usados para simular o peso e a aerodinâmica de bombas reais. Mesmo assim, o barulho da queda foi ensurdecedor. Portas e janelas se quebraram e o pânico se espalhou rapidamente pela cidade.

O então prefeito correu ao local e se deparou com a população em desespero. Segundo ele, se uma das bombas tivesse caído alguns metros antes, o episódio poderia ter terminado em tragédia. Durante dias, o medo tomou conta dos moradores — especialmente das crianças, que passaram a temer a passagem de aviões.

Naquele mesmo dia, Formiga realizava um protesto contra o governo federal, e parte da população acreditou que o lançamento das bombas fosse uma represália. O clima de tensão aumentou quando os caças começaram a sobrevoar a área novamente, procurando os pontos da queda.

Após negociações e grande repercussão nacional, a Aeronáutica pagou ao município uma indenização de 1,5 milhão de cruzados, valor que foi utilizado para concluir obras públicas como o terminal rodoviário e uma nova avenida.

Hoje, uma das cápsulas permanece exposta na “Praça da Bomba”, construída no ponto exato da queda. O artefato virou símbolo de um episódio que misturou susto, política e memória — um lembrete de como um erro militar poderia ter causado uma tragédia de grandes proporções.

Fonte: g1 Centro-Oeste de Minas

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