O Brasil subiu quatro posições no Ranking Mundial de Competitividade Digital 2025, divulgado nesta segunda-feira (16) pela Fundação Dom Cabral (FDC). Agora, o país ocupa o 58º lugar entre 69 nações avaliadas pelo levantamento realizado anualmente pelo International Institute for Management Development (IMD). Apesar do avanço, o desempenho brasileiro segue entre os piores do mundo, refletindo desafios estruturais ainda não superados.
No topo do ranking estão Suíça (1º), Singapura (2º), Hong Kong (3º), Dinamarca (4º) e Emirados Árabes Unidos (5º). A avaliação considera quatro pilares principais: performance econômica, eficiência governamental, eficiência empresarial e infraestrutura.
Segundo Hugo Tadeu, professor e diretor do núcleo de inovação, inteligência artificial e tecnologias digitais da FDC, o Brasil continua estagnado em termos estruturais. “Em números absolutos, o país permanece no mesmo patamar de uma década atrás. Continuamos insistindo em uma agenda que não prioriza reformas, abertura comercial, inovação e qualificação profissional”, afirma.
Cinco principais gargalos do Brasil
O estudo aponta cinco fatores que dificultam a melhora da posição do Brasil:
- Custo de capital e dívida corporativa – O país está na 68ª posição nesse indicador. Para evoluir, seria necessário reduzir os juros, facilitar o acesso ao crédito e fortalecer o mercado de capitais.
- Educação e habilidades linguísticas – Também na 68ª colocação, o Brasil apresenta deficiências significativas na qualidade da educação e na proficiência em línguas estrangeiras. Isso afeta diretamente a formação de uma força de trabalho preparada para competir globalmente.
- Mão de obra qualificada e produtividade – A baixa qualificação (68º) e produtividade (67º) da força de trabalho são entraves históricos. A solução passa por educação técnica, programas de requalificação e parcerias entre governo e setor privado.
- Abertura econômica e inserção internacional – O país ainda é pouco integrado ao comércio global. O relatório destaca a necessidade de reduzir barreiras tarifárias, ampliar acordos comerciais e investir na modernização da infraestrutura para exportações.
- Ambiente regulatório – O Brasil ocupa a 68ª posição em protecionismo e 67ª em finanças públicas. A burocracia, a alta carga tributária e a instabilidade fiscal afugentam investimentos e reduzem a competitividade.
Ciência e tecnologia como vetor de crescimento
O professor Hugo Tadeu também destacou o papel essencial do setor acadêmico no desenvolvimento dos países mais bem colocados. Ele cita como exemplo a Suíça, que investe fortemente em centros de pesquisa nas áreas da saúde e alimentação, além de Singapura e Hong Kong, que adotam políticas de abertura tecnológica e apoio à inovação.
“O Brasil precisa migrar de uma economia dependente de commodities para um modelo baseado em conhecimento e tecnologia. Isso só será possível com universidades fortes, investimentos em pesquisa e políticas públicas voltadas à formação de capital humano”, diz.
Para ele, o país precisa sonhar grande. “Se quisermos estar entre os dez primeiros colocados do ranking nos próximos anos, será necessário investir em uma agenda sólida de educação, ciência e integração internacional.”
Apesar da leve melhora no ranking, os desafios são profundos e exigem ações coordenadas entre governo, empresas e sociedade para que o Brasil possa, de fato, competir em igualdade de condições no cenário digital global.
📍 Fonte: Forbes Brasil
📸 Imagem: Divulgação/FDC